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Após ofício de Gilmar Mendes, ministro da Justiça pede a PF investigação sobre mensagens da JBS

O ministro do STF Gilmar Mendes pediu investigação sobre acusações a ministros do Judiciário - Agência Brasil
O ministro do STF Gilmar Mendes pediu investigação sobre acusações a ministros do Judiciário Imagem: Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo*

08/09/2017 18h53Atualizada em 08/09/2017 19h19

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes pediu nesta sexta-feira (8) ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, que abra investigação a respeito da troca de mensagens de WhatsApp entre o diretor do jurídico da JBS, Francisco Carlos de Assis, e a advogada do grupo Renata Gerusa Prado. Nestas conversas, ambos fazem menção a suposto tráfico de influência e supostos pagamentos em dinheiro a três ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

“Tendo em vista as graves ilações publicadas na Revista Veja, Edição 2547, ano 50, nº 50, datada de 13.9.2017, na matéria intitulada “O que a JBS não contou”, solicito imediata instauração de investigação a respeito das declarações constantes na referida matéria, para que assim fiquem desde logo esclarecidos os fatos e as circunstâncias em que prestadas”, escreve o ministro do STF no ofício encaminhado a Jardim.

O ministro da Justiça confirmou o recebimento do pedido de Gilmar e o encaminhou para a PF (Polícia Federal), que tomará as medidas cabíveis, ou seja, a instauração da investigação sobre o caso.

As informações sobre a troca de mensagens foram publicadas na última edição da revista "Veja". São citados nos diálogos da advogada os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Napoleão Maia, Mauro Campbell e João Otávio Noronha.

Ainda de acordo com a publicação da editora Abril, o nome do próprio Gilmar Mendes é citado como um ministro do STF com quem havia necessidade de "aparar arestas". As mensagens teriam chegado ao conhecimento do MPF (Ministério Público Federal), por meio de um ex-marido da advogada.

De acordo com a JBS, nenhum dos executivos que assinaram acordo de delação premiada mentiu em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República.

Outro lado

Gilmar Mendes afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não conhece a advogada e que pediu a investigação para provar que não tem qualquer relação com ela ou os fatos divulgados.

Napoleão Nunes Maia se manifestou por meio de nota: "Repudio com veemência as declarações de ambos advogados e afirmo que a minha posição judicante segue a minha percepção doutrinária, sabidamente garantística, sem qualquer relação com as partes ou seus advogados. A referida advogada esteve em meu gabinete tratando de processos, nos quais estava regularmente constituída".

"Os dois processos foram julgados favoravelmente (desbloqueio de bens), porque a empresa recorrente firmou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o MP e pagou o valor integral em juízo, ou seja, aquele bloqueio anterior, não se fazia mais necessário, haja vista que o dano objetivado no feito já estava satisfeito em juízo, repita-se, integralmente. Ambos os processos foram julgados pelo colegiado da Primeira Turma, que, por unanimidade, votou pelo desbloqueio dos bens, diante do pagamento integral, pela empresa recorrente", disse o ministro do STJ.

Mauro Campbell também falou por nota que o encontro foi feito "nos moldes legais e regimentais, com agendamento prévio e de tudo disponível o acesso a quaisquer interessados" e que pediu à PGR "a instauração de competente e minuciosa apuração de tais fatos, com a consequente punição de todos os envolvidos".

"Como sabemos todos, a calúnia é uma arma poderosa de que se utilizam os enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para tisnar a reputação do seu próximo, seja porque a ele não conseguem equiparar-se, seja na busca da concretização dos mais indizíveis desejos de seus egos atormentados."

Prossegue o ministro na nota: "Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana. Nada obstante, a calúnia é também uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra de um átimo de tempo".

A reportagem ainda não conseguiu contato com João Otávio Noronha. Assim que ele responder, sua defesa sera incluída. (Com Estadão Conteúdo)

Ouça a íntegra da conversa entre Batista e Saud

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