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Lula diz que processo é "ilegítimo" e que nunca foi cobrado por aluguel atrasado

Em 10 de maio, Lula teve Roberto Teixeira (terceiro no alto, da esquerda para a direita), réu neste processo, entre seus defensores - Reprodução - Reprodução
Em 10 de maio, Lula teve Roberto Teixeira (terceiro no alto, da esquerda para a direita), réu neste processo, entre seus defensores
Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

13/09/2017 18h27

Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta-feira (13), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o processo pelo qual foi interrogado hoje é “ilegítimo e injusto”. O petista ainda garantiu que “talvez seja a pessoa que mais queira a verdade nesse processo”.

Na ação, Lula é réu por supostamente ter sido beneficiado com propinas, um apartamento em São Bernardo do Campo (SP) e um terreno para sediar o Instituto Lula por ajudar a favorecer a Odebrecht em oito contratos firmados com a Petrobras entre 2004 a 2012. Segundo o MP, as fraudes nesses acordos teriam chegado a R$ 75,4 milhões.

O petista ainda falou sobre o apartamento vizinho a sua residência em São Bernardo. Em depoimento prestado, o empresário Glaucos da Costamarques revelou que Lula não pagou o aluguel de fevereiro de 2011 a novembro de 2015.

“Eu não tenho relação com o Glaucos. Fiquei surpreso com o depoimento dele [Glaucos], porque nunca chegou a mim a reclamação que não estava pagando aluguel. Quando [a ex-primeira-dama] Marisa já estava doente, chegou uma carta pedindo que o pagamento fosse efetuado no Banco do Brasil. Não se fala nada de atraso. Então para mim estava tudo normal", disse Lula.

Moro rebateu a fala do ex-presidente e apontou se seria possível o réu apresentar os comprovantes de pagamento do aluguel. “Eu compreendo que o senhor seja um homem bastante ocupado, mas, depois de formulada a acusação, não foi possível formular isso com as pessoas ao seu redor?”, questionou o magistrado.

Lula voltou a dizer que para ele estava tudo em ordem e que sua ex-mulher “cuidava de forma responsável das coisas da casa”. “O Ministério Público não é dono da verdade. Vou repetir para o senhor. Nunca houve qualquer denúncia que o apartamento não estava sendo pago. Seu Glaucos nunca levantou, nunca cobrou e nunca telefonou”, reiterou o ex-presidente.

O processo

Lula é réu por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção envolvendo oito contratos, firmados de 2004 a 2012, entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras. Sobre ele recaem acusações de nove crimes de corrupção passiva e 94 de lavagem de ativos. A defesa do petista nega as incriminações.

Segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, o ex-presidente teria recebido a promessa de um terreno para a instalação do Instituto Lula. A oferta, ainda de acordo com o MPF, foi feita pelo ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, em função de Lula ter mantido os executivos Renato Duque e Paulo Roberto Costa em diretorias da Petrobras. Isso teria permitido fraudes e desvios de R$ 75,4 milhões em licitações que contavam com a participação da empreiteira. Desse valor, R$ 12,4 milhões estariam ligados ao caso do terreno.

Essa ação penal envolve a suspeita de um esquema de corrupção com oito contratos, firmados de 2004 a 2012, entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras.

Com desvios de R$ 75,4 milhões, o ex-presidente é suspeito de ter sido beneficiado com a compra de um terreno em São Paulo que seria sede do Instituto Lula e com a aquisição do apartamento vizinho ao imóvel em que ele vive hoje, em São Bernardo do Campo (SP). Lula é acusado de ter cometido o crime de corrupção passiva por nove vezes, e o de lavagem de ativos por 94 vezes.

Além de Lula, também são réus neste processo:

Roberto Teixeira, advogado de Lula
Antonio Palocci, ex-ministro dos governos de Lula e Dilma
Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
Paulo Melo, ex-diretor da Odebrecht
Demerval Gusmão, proprietário da DAG Construtora
Glaucos da Costamarques, empresário
Desses, apenas Branislav e Teixeira ainda não foram interrogados. Caso a fala de Lula não termine antes do anoitecer desta quarta-feira, é provável que Branislav, o outro réu com fala marcada para hoje, preste esclarecimentos a Moro em uma outra data.

Teixeira, por sua vez, deveria ter sido ouvido em Curitiba na semana passada, em 6 de setembro. Porém, na noite anterior, foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Diagnosticado com insuficiência cardíaca aguda, o advogado teve alta na sexta-feira passada (8) e passou a repousar em casa por ordens médicas. Na última segunda-feira (11), atendendo pedido da defesa, Moro remarcou o interrogatório de Teixeira, que seria ouvido nesta quarta, para as 13h30 de 20 de setembro.