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Joesley é transferido para SP e Saud ficará preso na Papuda

11.set.2017 - Joesley Batista aparece de cabelo raspado após ser preso - Luciana Amaral/UOL
11.set.2017 - Joesley Batista aparece de cabelo raspado após ser preso Imagem: Luciana Amaral/UOL

Do UOL, em São Paulo

15/09/2017 09h34Atualizada em 15/09/2017 13h33

O empresário Joesley Batista, dono da JBS, deixou a sede da PF (Polícia Federal), em Brasília, com destino a São Paulo, na manhã desta sexta-feira (15) por conta de uma audiência de custódia por ordem do Juiz da 6ª Vara Federal de SP na Operação Tendão de Aquiles. Ele chegou ao aeroporto de Congonhas, na zona sul, por volta das 11h45. A audiência está marcada para ocorrer às 15h.

Segundo a PF, o executivo Ricardo Saud também deixará a sede da PF hoje e será enviado ao presídio da Papuda, na capital federal, o que ainda não tem horário para acontecer. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, informou que vai recorrer das prisões expedidas contra Joesley e Saud.

Kakay afirmou que a defesa tem receio pela segurança física dos seus clientes. Segundo o advogado, na mesma ala em que Saud deve ficar, na Papuda, há seis pessoas presas que foram delatadas pelo executivo. O defensor disse, ainda, que uma dessas pessoas, chegou a ameaçar de morte Saud. A PF não se manifestou sobre o assunto.

De acordo com a PF, o avião que transportou Joesley Batista, após deixar São Paulo, se encaminhará a Curitiba para pegar o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a Brasília. Eduardo Cunha será levado à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal para ser ouvido por investigadores.

Joesley deixa a sede da PF em São Paulo com um terço nas mãos - Nelson Almeida/AFP - Nelson Almeida/AFP
Joesley deixa a sede da PF em São Paulo com um terço nas mãos
Imagem: Nelson Almeida/AFP

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin decidiu nesta quinta-feira (14) converter as prisões temporárias dos delatores da JBS em prisão preventiva, ou seja, que não tem prazo para terminar. A ordem de prisão temporária dos dois terminaria nesta sexta-feira (15).

A decisão de Fachin atendeu a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que nesta quinta-feira também pediu que o ministro homologue a rescisão do acordo de colaboração dos dois delatores. Fachin deu 10 dias para que a defesa de Batista e Saud se manifeste sobre o pedido de rescisão.

A decisão de rescindir foi tomada após a PGR descobrir novas gravações e Janot determinar investigação para apurar a omissão de informações no acordo de colaboração premiada firmado por três dos sete delatores da JBS.

A conclusão da Procuradoria foi que Joesley e Saud descumpriram cláusulas do acordo ao omitirem fatos criminosos relevantes que poderiam levar a investigações contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e contra o ex-procurador Marcello Miller.

Também nesta quinta-feira, Joesley e Saud foram incluídos na denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janto, por obstrução de Justiça com o presidente Michel Temer. Janot sustenta que Joesley e Saud foram "instigados" por Temer a pagar propinas para silenciar o doleiro Lucio Funaro e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, presos em operações da PF.

Os dois delatores tiveram a prisão decretada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no último dia 10 e se entregaram na sede da PF (Polícia Federal) em São Paulo por volta das 14h de segunda-feira (11). Na capital paulista, eles deixaram o local no fim da manhã e chegaram a Brasília. Joesley estava com um terço nas mãos.

11.set.2017 - Joesley Batista, de costas, de camisa branca, aguarda em uma cela do IML da Polícia Civil para fazer exame de corpo de delito em Brasília - Luciana Amaral/UOL - Luciana Amaral/UOL
Joesley Batista, de costas, de camisa branca, aguarda em uma cela do IML da Polícia Civil para fazer exame de corpo de delito
Imagem: Luciana Amaral/UOL

A reviravolta no caso correu após a Procuradoria-Geral da República ter tido acesso a uma gravação na qual Joesley e Saud falam de uma possível ajuda de Miller, quando ele ainda era procurador, nas tratativas da delação premiada do grupo.

Para o ministro, há "indícios suficientes" de que os dois violaram o acordo de colaboração premiada ao omitir a participação de Miller no processo de delação. Fachin afirmou ainda que há indícios de que as delações ocorreram de maneira "parcial e seletiva".

Ao aceitar as prisões, Fachin afirmou que tanto as prisões de Joesley quanto a de Saud são necessárias por causa da "probabilidade de que os representados, uma vez em liberdade, possam interferir no ato de colheita de elementos probatórios".