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Doria admite assédio de outros partidos e diz que "até agora" não é candidato

Do UOL, em São Paulo

18/09/2017 19h26Atualizada em 18/09/2017 20h13

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), admitiu que foi sondado por outros partidos, entre eles o PMDB e o DEM, para mudar de legenda e sair candidato nas eleições presidenciais do ano que vem. Entretanto, disse que é cedo para tomar uma decisão e que ele não é pré-candidato “até agora”.

As afirmações foram dadas em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, exibida nesta segunda-feira (18) no SBT e parte de uma nova série da emissora, Cenários 2018, que contará com a participação de diversos políticos para tratar sobre os rumos para o Brasil, entre eles o próprio Doria, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a ex-senadora Marina Silva (Rede-AC), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Questionado se aceitaria mudar de partido para concorrer à Presidência caso o PSDB optasse por outro nome, Doria disse que é cedo para “precipitar decisões”.

“[É preciso] Analisar de acordo com o momento e com a circunstância. Primeiro, eu não anunciei nenhuma pré-candidatura até agora. Depois, fico muito lisonjeado, evidentemente, com a forma cordial do tratamento de outros partidos, inclusive os dois que você mencionou [PMDB e DEM]. Mas não houve nenhuma formalização oficial, aberta, pública, então é preciso tratar isso com atenção”, disse o prefeito, que afirmou que presidir o país é um interesse de qualquer pessoa.

“Quem não gostaria de ser presidente do Brasil? Você que está nos assistindo agora, se lhe fosse facultada a ideia, a possibilidade de concorrer à Presidência da República? Certamente muitos, mas muitos mesmo, diriam sim. Eu tenho a preocupação, sim, de preservar o arco de alianças que tem o PSDB com vários importantes partidos”, comentou.

Atualmente, Doria e Geraldo Alckmin, governador de São Paulo e seu padrinho político, são apontados como os principais nomes do PSDB para disputar a eleição presidencial de 2018. Em entrevistas recentes, o prefeito alertou que não disputará prévias dentro do partido se for contra Alckmin. No entanto, ao SBT, ele afirmou que defende esse tipo de decisão interna e que entende que pesquisas de intenção de voto também devem ser levadas em conta.

“O presidente Fernando Henrique [Cardoso, ex-presidente da República] falou: ‘Olha, o governador tem mais tempo, consequentemente preferência, mas não basta isso'. Então essa é uma colocação, eu diria, mais completa do que a do senador Tasso, sem desmerecer o senador Tasso Jereissati”, disse, referindo-se ao presidente interino do PSDB, que defendeu a candidatura de Alckmin pelo maior tempo de experiência política do governador. “E o presidente Fernando Henrique defende dois pontos que eu também defendo: que são prévias e pesquisa. Os dois elementos vão ajudar o PSDB a ter uma decisão mais acertada”.

Na entrevista, João Doria também falou sobre pontos relacionados à economia brasileira, entre eles a reforma da Previdência. O prefeito defendeu que a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres seja de 60 anos, mas que o tempo de contribuição mínimo seja de 25, como defende a reforma em tramitação no Congresso.

“Eu não diferenciaria homens e mulheres. Eu entenderia que valeria a pena até, já que se fala de igualdade, preservar este conceito na idade mínima. Acho que 60 anos seria uma idade adequada, tanto para o homem quanto para a mulher, nesta etapa atual”, opinou, depois apontando a si mesmo como exemplo para defender um tempo de contribuição maior.

“Sou claramente a favor [a 25 anos]. Não vejo razão para uma pessoa que trabalhou 15 anos já ter direito a aposentadoria plena. Ora, nós estamos num mundo onde o trabalho é a essência que determina até a própria cidadania. Vinte e cinco anos não é um tempo exagerado de trabalho. Eu trabalho desde os 13 anos de idade, tenho 59. Portanto, já estou rodando há mais de 45 anos. Tenho boa condição física, boa condição mental e, como eu, milhares de outras pessoas têm também. Não há razão para estabelecer apenas 15 anos”, comparou.