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Filhos e enteadas de Jucá são alvos de operação da PF

Jucá não é alvo da operação - Alan Marques/Folhapress
Jucá não é alvo da operação Imagem: Alan Marques/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

28/09/2017 08h56Atualizada em 28/09/2017 14h05

Filhos e enteadas do senador Romero Jucá (PMDB-RR) foram alvos de uma operação da PF (Polícia Federal) deflagrada na manhã desta quinta-feira (28). Chamada “Anel de Giges”, a operação teve como objetivo investigar uma organização criminosa acusada de peculato, lavagem de dinheiro e desvios de verbas públicas.

O advogado do senador, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, confirmou que os parentes do peemedebista são alvos da PF e afirmou que a operação "não tem nada a ver com o Romero Jucá".

"São os filhos dele, os enteados, que estão sendo investigados lá em Boa Vista. Meu escritório apenas acompanhou as duas filhas na condução coercitiva [quando a pessoa é obrigada a ir prestar esclarecimentos] aqui em Brasília", disse. Os nomes dos investigados ainda não foram divulgados pela Polícia Federal.

São alvos de busca e apreensão e condução coercitiva os filhos de Jucá: Rodrigo de Holanda Menezes Jucá e Marina de Holanda Menezes Jucá. Também são alvos as filhas da prefeita de Boa Vista e ex-mulher de Jucá, Teresa Surita (PMDB), Luciana Surita da Motta Macedo e Ana Paula Surita Motta Macedo.

Na operação, a PF prendeu, em flagrante, o marido de Luciana, Frederico Macedo, por posse ilegal de armas. Os investigadores não localizaram registros das armas nem autorização para Macedo como colecionador nem como atirador.

Intimidação

O líder do governo no Senado, Jucá afirmou que ninguém vai intimidá-lo. “Já, já [vou falar]. Cada coisa é uma coisa. Não [é uma afronta, a operação]. Só quero dizer o seguinte: vou falar daqui a pouco. Mas eu quero deixar algo claro: ninguém vai me intimidar. A partir daí, deduzam. Deduzam, é o que eu tenho a dizer", disse ao chegar ao Senado na manhã desta quinat-feira.

Os agentes da PF (Polícia Federal) cumpriram mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva em Roraima, Minas Gerais e Distrito Federal. Ao todo, são nove mandados de busca e apreensão e outros oito de condução coercitiva.

Ao menos R$ 32 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos a partir do superfaturamento na aquisição da “Fazenda Recreio” e na construção do empreendimento Vila Jardim, do projeto “Minha Casa, Minha Vida”. Os dois locais estão em Boa Vista. São investigadas falhas na fiscalização e na aprovação do empreendimento na Caixa Econômica Federal. 

O superintendente da Caixa em Roraima Severino Ribas também foi alvo da investigação. Em nota, a Caixa diz que "as informações estão sendo repassadas exclusivamente às autoridades competentes, com quem ela mantém contato permanente, prestando irrestrita colaboração com as investigações e operações policiais".

Os investigados serão indiciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, que preveem penas de até 30 anos de reclusão. Agora, a PF diz que pretende analisar o material apreendido e continuar a apuração do envolvimento de outras pessoas nas práticas criminosas.

O nome da operação, “Anel de Giges”, foi inspirado na obra “A República”, de Platão, na qual é discutido o tema da Justiça. O Anel de Giges permitiria ao seu portador ficar invisível e cometer ilícitos sem consequências.