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É pouco provável que denúncia contra Temer prospere, diz Alckmin

Eduardo Anizelli/Folhapress
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

02/10/2017 12h16

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (2) que a denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), não deve prosperar na Câmara dos Deputados.

Ambos se encontraram nesta segunda no Palácio do Planalto. Segundo as agendas dos políticos, o encontro era para tratar de obras com recursos do governo federal em São Paulo.

A jornalistas, o governador disse que Temer “não pediu” sua ajuda para obter o apoio da ala anti-Temer no PSDB.

“[Temer] Não pediu [ajuda] e eu reiterei a mesma postura que tive na primeira votação terei agora. Não vou interferir. Esse é um assunto dos deputados, cada um analisar o processo, verificar. Eu acho pouco provável que prospere porque já na primeira denúncia não prosperou”, declarou Alckmin.

No entanto, em outras reuniões entre os dois, na época da primeira denúncia, é sabido que o presidente buscou Alckmin na tentativa de dialogar com o PSDB e garantir a rejeição da peça apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República)

Ainda segundo Alckmin, no encontro de hoje, ele propôs a criação de uma agência de inteligência integrada com as polícias dos Estados, além da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Em seguida, o governador se reuniu com o ministro das Relações Exteriores e também tucano, Aloysio Nunes.

O governador ainda se mostrou contrário à tramitação de denúncias contra presidentes atualmente em vigor. No Itamaraty, Alckmin afirmou que o processo deveria “ser revisto”. Na sua avaliação, “não é razoável afastar seis meses por uma denúncia”.

“Depois de seis meses se você chegar à conclusão que é inepta, como é que você repara o prejuízo causado à pessoa e ao país? Então o modelo institucional nosso precisa ser revisto. Isso é coisa do Império”, argumentou.

Como alternativa, sugeriu que não haja afastamento nem pedido de autorização para a Câmara, como já acontece no caso de prefeitos e de governadores.

Sobre a escolha do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) como relator da segunda denúncia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que acentuou o desgaste interno no PSDB, Alckmin reiterou ter sido colega de Andrada na Câmara, a quem chamou de “extremamente respeitado” e “pessoa séria”.

“É uma questão de foro íntimo, né? Se ele quiser, relate”, limitou-se a dizer.

Na votação da primeira denúncia em plenário, o PSDB entregou somente um voto a mais pró-Temer. Já os tucanos de São Paulo votaram quase todos contra Temer. Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, Temer atribui a Alckmin a responsabilidade pelos 11 votos que tucanos paulistas deram por seu afastamento na Câmara. Após isso, o presidente fez acenos ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que disputa com Alckmin a indicação para concorrer à Presidência em 2018.

A bancada do PSDB continua rachada com a segunda denúncia, com parte defendendo o desembarque do partido do governo, apoiada pelo presidente interino, senador Tasso Jereissati (CE). Este último ainda voltou a ganhar força depois da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em afastar o titular Aécio Neves (MG) do mandato de senador e determinar seu recolhimento domiciliar noturno.

Os senadores já aprovaram a votação das penas impostos a Aécio em plenário, mas, após o STF anunciar que vai deliberar sobre o modelo do processo no dia 11, encontram-se divididos.

Alguns defendem que as penas sejam votadas pelo Senado já nesta terça-feira (3), como previsto. Outros, que se espere o posicionamento do Supremo. Em relação à questão, Alckmin afirmou ser da alçada da Presidência do Senado e “ser necessário preservar os Poderes”.

Doria x Alckmin

Nos últimos meses, Doria tem intensificado o relacionamento com diversos partidos políticos, inclusive com o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

Nesta segunda, Alckmin argumentou que a eleição de 2018 só vai começar quando os candidatos forem definidos e voltou a defender a realização de prévias no PSDB pois “não vai ter mais um candidato”.

“Esse momento é mais recall. Os argumentos serão colocados na campanha e a decisão de voto começa depois da parada militar. Ou seja, depois do 7 de setembro”, disse.

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