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Em frente à Petrobras, Lula desafia Lava Jato a provar desvios e diz que voltará em 2018

Lula discursa na frente da Petrobras - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

03/10/2017 17h33

Em clima de campanha e debaixo de chuva, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta terça-feira (3) de um ato pela soberania nacional realizado em frente à sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro. Ele desafiou os agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal envolvidos na Operação Lava Jato a provarem que ele cometeu algum desvio. “Eu já provei a minha inocência. Quero que provem uma culpa minha”, afirmou ele, que voltou a dizer que vai concorrer às eleições em 2018. "Deus sabe que eu vou vencer essa parada", disse.

"A imprensa mente muito a meu respeito. A Polícia Federal, o Ministério Público, mentem muito a meu respeito e o [juiz Sergio] Moro aceita”, disse o ex-presidente, que fez questão de discursar usando um uniforme de petroleiro, em referência à descoberta do pré-sal, realizada quando estava à frente do Planalto. “O Lula não é o Lula. Lula é uma ideia assumida por milhões de pessoas”, continuou, com a voz bastante rouca.

Em seu discurso, Lula citou o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Concellier Olivo, que se matou na segunda-feira (2), após acusações feitas em operação da Polícia Federal que investiga desvio de recursos públicos para projeto de educação a distância.

"Não tenho pretensão de me matar. Vou enfrentar. Já provei minha inocência. Quero que provem uma única culpa", disse Lula, complementando em seguida que seus opositores são responsáveis pela apressada morte de dona Marisa. "Querem evitar que eu volte. Mas estou tranquilo", disse.

A manifestação contou com a presença de integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens, CUT, CTB e funcionários da Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica Federal, BNDES e Casa da Moeda. Eles saíram, em passeata, no fim da manhã, dos fundos da Igreja da Candelária até a sede da estatal, tomando as duas faixas da Avenida Chile. Lula falou por meia hora, por volta das 16h. Em seguida, os manifestantes se disperasaram.

O petista foi condenado em julho passado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex de Guarujá (SP). Em setembro, ele foi acusado de corrupção pelo ex-ministro Antonio Palocci, que negocia acordo de delação premiada.

A um ano das eleições de 2018, o ex-presidente mantém a liderança da corrida presidencial e aparece em primeiro lugar. Realizada na quarta (27) e na quinta (28), pesquisa Datafolha mostra um aumento de 15% para 18% nas menções espontâneas a Lula como candidato preferido desde junho. Na pesquisa estimulada, em que são exibidos cartões com os nomes dos candidatos, Lula lidera em todos os cenários em que participa, com pelo menos 35% das intenções de voto.

A taxa de rejeição ao ex-presidente caiu nos últimos três meses. Segundo o Datafolha, 46% dos eleitores disseram em junho que não votariam em Lula de jeito nenhum. Agora, 42% têm essa opinião.

O Datafolha fez 2.772 entrevistas em 194 cidades. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Nos cenários em que foi considerado, Lula tem o dobro de intenções de voto do segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Oscilando entre 16% e 17%, Bolsonaro aparece empatado com Marina Silva (Rede), que varia entre 13% e 14%.