Topo

Associação de procuradores diz que fala de Temer é "irresponsável" e que MPF não se intimidará

O presidente Michel Temer durante cerimônia pública na PGR - MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente Michel Temer durante cerimônia pública na PGR Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

03/10/2017 20h05Atualizada em 03/10/2017 20h14

A ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) repudiou nesta terça-feira (3) as declarações dadas pelo presidente Michel Temer mais cedo pelo Twitter, e afirmou que “os procuradores da República não se intimidarão" diante de ataques e acusações em razão do trabalho realizado.

Segundo a nota da ANPR, “surpreende e é absolutamente incabível e irresponsável que Temer use meios oficiais para ofender sem qualquer base a instituição do Ministério Público Federal”.

Pela rede social, o presidente afirmou que a denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) é “inepta e sem sentido, proposta por uma associação criminosa que quis parar o país”. “O Brasil não será pautado pela irresponsabilidade e falta de compromisso de alguém que se perdeu pelas próprias ambições”, escreveu.

“É Sua Excelência Michel Temer quem responde à acusação, lastrada em numerosas provas de fatos concretos, de pertencer à organização criminosa. Os membros do MPF, ofendidos de forma generalizada pela mensagem do presidente, como se fosse esta instituição da República e seus componentes a quadrilha, ao oposto, fizeram mais uma vez um trabalho técnico, impessoal e isento”, diz a nota.

De acordo com a denúncia da PGR, feita pelo então procurador-geral Rodrigo Janot, Temer é suspeito de obstrução de Justiça e de liderar organização criminosa durante o exercício da Presidência. A acusação foi apresentada no mês passado ao STF (Supremo Tribunal Federal) e precisa de autorização do Congresso Nacional.

O peemedebista deu as declarações ao afirmar que estava com o dia cheio de reuniões com parlamentares. Segundo ele, o diálogo é fundamental para a harmonia entre os Poderes. “Vou conversar com representantes de todos os partidos da base, de todas as regiões do Brasil. É uma rotina que sempre mantive”, escreveu Temer.

Os encontros, porém, visam assegurar que os deputados votarão contra a admissibilidade da denúncia, como já ocorreu quando da primeira acusação. O Congresso rejeitou o encaminhamento da primeira ação, e Temer responderá às denúncias quando deixar a Presidência.

 

A nota da associação diz que Janot “era o promotor natural ao tempo dos fatos e agiu pela instituição MPF, e que as denúncias feitas “baseiam-se em extenso trabalho de investigação de órgãos do Estado, e citam sólido rol de provas”. “[As denúncias] Serão apreciadas, cedo ou tarde, pelo Poder Judiciário, como previsto em lei, e o país acompanhará os resultados”, afirmou a ANPR no documento.

A associação afirmou que os “membros do Ministério Público Federal não agem em perseguição e atentam-se apenas ao cumprimento de sua missão institucional. “Os procuradores da República não se intimidarão. O trabalho em defesa do estado democrático de Direito prosseguirá sempre, de forma serena e firme, sem temer ninguém e sem olhar a quem”, diz a nota.