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Lula diz que está "lascado" e que não quer absolvição de Moro, mas pedido de desculpa

MP diz que recibos de Lula são falsos e pede perícia

Band Notí­cias

Do UOL, em São Paulo

09/10/2017 20h50Atualizada em 10/10/2017 10h03

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (9) que não espera absolvição do juiz Sergio Moro, mas sim um pedido de desculpas. Lula é réu em seis ações penais, sendo duas delas sob responsabilidade de Moro, que já o condenou a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

“Eu sei que eu estou lascado. Todo dia tem um processo. Eu não quero nem que o Moro me absolva, só quero que ele me peça desculpa”, disse Lula. “Eles estão mexendo com uma pessoa que tem como legado respeitar as pessoas. Eu sempre respeitei o de baixo e o de cima. Eu tenho profundo respeito com quem me respeita, mas eu não tenho respeito por quem não me respeita”, completou o ex-presidente.

Lula discursou durante seminário sobre educação pública, desenvolvimento e soberania nacional organizado em Brasília pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido. Ele estava na companhia da presidente nacional da sigla, a senadora Gleisi Hoffmann, do senador Lindbergh Farias, do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, entre outros petistas.

O ex-presidente voltou a atacar a força-tarefa da Lava Jato, dizendo se tratar de “mentiras” as acusações feitas contra ele pelo MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal, que foram aceitas e estão sob julgamento de Moro. Para Lula, trata-se de um ataque para impedi-lo de concorrer novamente à Presidência da República e que tem levado o país às condições atuais de crise econômica.

“Eu acho que o Brasil não deveria sofrer por isso tudo [crise econômica] só para não votar no Lula. Mas eles acham e trabalham para isso”, afirmou. “Eu quero que eles saibam que o problema deles não é o Lula. O problema é que no Brasil milhões de pessoas aprenderam a ter consciência política. Se eles acham que me tirando da disputa resolvem o problema deles, façam, e vamos ver o que acontece neste país”, completou.

Cabo eleitoral

Lula também propôs um desafio, caso não possa concorrer às eleições por condenação em segunda instância. “Eles também falam que se eu não for candidato, não terei força como cabo eleitoral. Testem! Façam! Porque a verdade é que eles têm que saber não pela minha boca, mas pela boca de vocês, de que só tem um jeito para esse país voltar a crescer, é com democracia e eleição direta. Um presidente da República só vai consertar esse país com credibilidade e respaldo do povo brasileiro”, afirmou.

O ex-presidente se emocionou ao falar sobre a sua juventude, sobre a falta de acesso à educação e à universidade, e disse que para ele educação é questão de honra. “Porque quero que todos os filhos de trabalhadores tenham oportunidade, a oportunidade que eu não tive, nem eu e nem meus oito irmãos”, afirmou. “Em se tratando de educação, estou disposto a ir até as últimas consequências”, afirmou Lula.

Lula réu em seis ações

Lula é réu em seis ações na Justiça. Duas das ações tramitam na Justiça Federal do Paraná, sob responsabilidade do juiz Sergio Moro. Outras quatro tramitam na Justiça Federal do Distrito Federal, sendo que uma delas, a que apura suposto crime de obstrução de Justiça, está em fase final para julgamento.

Sob Moro, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro nos casos envolvendo o pagamento de supostas propinas nos casos do sítio em Atibaia (SP) e do terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e do apartamento vizinho ao onde o ex-presidente mora atualmente em São Bernardo do Campo (SP).

O petista ainda é alvo de outros três processos no Distrito Federal: um por tráfico de influência e outro por venda de Medida Provisória de incentivos fiscais a montadoras, ambos na Operação Zelotes; e um sobre liberação de empréstimos do BNDES, na Operação Janus.

O petista já foi condenado em primeira instância no caso do tríplex de Guarujá (SP). A defesa do ex-presidente já recorreu e o caso agora é analisado no TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, em Porto Alegre, a segunda instância da Lava Jato.

O ex-presidente nega todas as acusações. No caso do tríplex, do sítio e do terreno e apartamento, a defesa do ex-presidente afirma que não há provas de que a propriedade dos imóveis seja de Lula ou que ele tenha aceitado propina em troca de atos de ofício enquanto ocupava a Presidência da República. Nos outros casos em tramitação no Distrito Federal, Lula nega as acusações.