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Deputado que deu "vitória" a Temer foi condenado por pedido de voto em culto

Em 2ª denúncia, Temer é acusado de dois crimes

UOL Notícias

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

25/10/2017 21h45Atualizada em 26/10/2017 00h28

Um pastor e apresentador de TV foi o responsável pelo voto que garantiu a suspensão da denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer (PMDB), votada nesta quarta-feira (25), na Câmara dos Deputados. Francisco Floriano (DEM-RJ) foi o parlamentar que garantiu, ainda por volta das 20h40, a segunda vitória de Temer contra a PGR.

Conhecido pelo poder de oratória, Francisco Floriano, que é pastor evangélico, foi econômico nas palavras ao anunciar seu voto a favor do parecer da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que recomendava a suspensão da denúncia contra Temer. “Senhor presidente, eu voto, sim”, disse Floriano antes de deixar o microfone.

Francisco Floriano, 58, está no seu segundo mandato como deputado federal. Antes de ingressar na carreira política, ele foi apresentador de TV e radialista, mas uma das partes mais curiosas de sua trajetória até agora é sua participação ativa na fundação de duas das maiores igrejas evangélicas do país: a Igreja Universal do Reino de Deus, e a Igreja Mundial do Poder de Deus.

Em uma entrevista divulgada em 2013, ele contou sua trajetória junto aos fundadores da Igreja Universal do Reino de Deus, no início dos anos 80. Já na década de 90, ele deixou a igreja do pastor Edir Macedo e participou da fundação da Igreja Mundial do Poder de Deus, liderado pelo pastor Valdomiro Santiago.

Em 2014, quando tentava a reeleição como deputado federal, ele foi processado pela PRE-RJ (Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro). Segundo os procuradores, pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus pediram votos a ele durante um culto.

Em sua defesa, Francisco Floriano disse que não tinha conhecimento de que haveria propaganda em seu nome durante o culto.

Em novembro de 2014, ele foi condenado a pagar uma multa de R$ 8 mil pela irregularidade. Ele recorreu da sentença junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas em setembro deste ano, a condenação transitou em julgado, ou seja, não há mais instância possível para recurso.

Em abril de 2016, ele foi um dos 367 deputados que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

E apesar de ter votado a favor do governo de Michel Temer, suas relações com o Palácio do Planalto nem sempre foram amistosas.

Em janeiro deste ano, o jornal “O Globo” publicou uma reportagem indicando que ele foi visto aos berros nos corredores do Planalto por não conseguir emplacar nomeações de seu interesse.

Ele tentou ser recebido pela Secretaria de Governo, mas não conseguiu. À reportagem, ele desabafou. “Se a secretaria não resolve, então a Casa Civil vai ter que resolver. Se eu não for recebido ainda hoje, vou chutar a porta dos gabinetes”, disse.

A reportagem do UOL tentou localizar Francisco Floriano logo após ele ter dado o seu voto, mas não obteve êxito.