Temer chama denúncias de "tramas" e nega derrota em caso de rejeição de reforma previdenciária
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), chamou nesta segunda-feira (6) as denúncias contra ele apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de “tramas” com objetivo “mesquinho” de impedir que ele nomeasse o sucessor do então chefe da instituição, Rodrigo Janot. A escolhida por ele foi Raquel Dodge, segunda colocada na lista tríplice encaminhada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, atrás do preferido de Janot, o vice-procurador eleitoral Nicolao Dino.
“Urdiram muitas tramas, na verdade para derrubar o presidente da República, o regime posto. Quero aqui mencionar [...] era uma articulação que tinha o objetivo que eu acabei de anunciar: mudar o governo para um objetivo mesquinho, minúsculo, menor, que era impedir que o presidente pudesse nomear o sucessor daquele que ocupava a PGR. Eu digo isso em voz forte e letras garrafais, que isso foi desmascarado”, declarou.
O presidente também aproveitou a oportunidade para afirmar que uma eventual rejeição da reforma da Previdência não significará uma derrota do governo. Para Temer, sua gestão “já se fez” e não depende da aprovação da iniciativa para ser considerada vitoriosa.
“Vejo muitas vezes, meus amigos, que muitos pretendem derrotá-la [a reforma] supondo que, derrotando-a, derrotam o governo. E não é verdade. Derrota o Brasil, porque tivemos a coragem de formatar uma reforma da Previdência, trabalhamos isso muito tempo e vocês sabem que, se não fosse aquela coisa desagradável que aconteceu há meses atrás, nós já a teríamos aprovado. Portanto aqueles gestos inadequados praticados por algumas figuras acabaram atrasando essa reforma”, disse.
Embora não tenha citado nomes, o período mencionado por Temer coincide com o conteúdo da delação de executivos do grupo J&F ao Ministério Público Federal e as consequentes denúncias contra ele apresentadas por Rodrigo Janot.
As declarações foram dadas diante de líderes da base aliada da Câmara em reunião convocada no Palácio do Planalto junto a ministros como Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Henrique Meirelles (Fazenda), os principais articuladores da reforma da Previdência.
As falas também acontecem em um momento em que a reforma já é vista como inviável por parte da base aliada e em que partidos que apoiaram Temer, Padilha e Moreira com a rejeição da segunda denúncia na Câmara não receberam a devida recompensa pelo ato. Deputados têm pleiteado mais cargos no segundo e terceiro escalões, mas também defendem um troca-troca de ministros.
Nesta segunda, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) falou que a situação da reforma “parece” difícil e o governo precisa “construir os votos” para aprová-la. “Para mim é fundamental, acho importante que a gente pudesse votá-la”, acrescentou.
Paciência e semi-parlamentarismo
No discurso, embora tenha garantido que continuará trabalhando pela matéria, Temer ressaltou que o apoio da população, do parlamento e da mídia são essenciais. “Paciência”, reclamou.
“Embora, digamos, você não consiga fazer todo o conjunto que a reforma previdenciária propõe, mas quem sabe conseguimos dar um avanço. E avançamos até um certo ponto que permita a quem venha depois mais adiante que possa fazer uma nova revisão”, afirmou, ao adicionar que o governo “não falhou um momento sequer”.
Temer ainda exaltou o trabalho feito pelo Executivo em conjunto com o Legislativo, ao seu ver, e falou que o “sucesso extraordinário” atual foi possível graças ao “governo semi-parlamentarista” implementado.
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