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Planalto minimiza insatisfação da base aliada e cogita reforma ministerial só para 2018

Governo Temer tem sido pressionado pela base aliada para promover mudanças no Ministério - Marcos Corrêa/PR
Governo Temer tem sido pressionado pela base aliada para promover mudanças no Ministério Imagem: Marcos Corrêa/PR

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/11/2017 04h00

Apesar da pressão de partidos para serem mais contemplados no período pós-denúncias, assessores do núcleo-duro do Palácio do Planalto minimizaram a insatisfação da base aliada e negaram que o governo vá promover uma reforma ministerial no futuro próximo.

Na avaliação de parte dos aliados, os partidos que apoiaram o presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) ao rejeitarem a segunda peça da PGR (Procuradoria-Geral da República) na Câmara não receberam a devida recompensa pelo ato. Deputados têm pleiteado mais cargos no segundo e terceiro escalões, mas também defendem um troca-troca de ministros.

Os principais alvos são novamente os titulares de pastas do PSDB – sigla que está rachada internamente quanto ao desembarque do governo Temer há meses –, em especial, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, pelo orçamento da pasta e possibilidade de mostrar mais resultados concretos perante a população.

Assessores do Planalto, porém, minimizam a insatisfação da base, com destaque para o centrão, e classificam as reclamações como situações pontuais a serem logo resolvidas. Eles informam ainda que, por enquanto, uma reforma ministerial não está nos planos de Temer. 

"Não faz sentido trocar ministros agora para terem que sair daqui a quatro meses. Os ministros só vão sair quando tiverem de sair para disputar as eleições mesmo”, afirmou um interlocutor. Ao todo, a estimativa é que 17 titulares de pastas pedirão exoneração em março para participarem do pleito de 2018.

Reuniões com líderes do Congresso

A manutenção dos ministros no momento também se dá porque é preciso medir a temperatura real da base. Nesta segunda-feira, Temer se reuniu com 14 dos principais deputados líderes e aliados do Planalto na Câmara, além dos ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Henrique Meirelles (Fazenda).

A pauta do encontro foi a aprovação da reforma da Previdência, simplificação tributária, de medidas de ajuste fiscal, Medidas Provisórias próximas de vencer e projetos de lei propostos pelo governo. O objetivo é tentar se chegar a consensos sobre as pautas no Congresso e viabilizar as iniciativas até o final deste ano. 

O entendimento é que todos os atos mais urgentes devem ser aprovados até o recesso parlamentar de dezembro, senão estarão fadados ao fracasso em 2018 – ano eleitoral em que os políticos estarão voltados às suas bases.

Diante dos líderes nesta segunda, Temer chamou as denúncias apresentadas pela PGR de “tramas” com objetivo “mesquinho” de impedir que ele nomeasse o sucessor do então chefe da instituição, Rodrigo Janot. Ele também aproveitou a oportunidade para afirmar que uma eventual rejeição da reforma da Previdência não significa uma derrota do governo e sua gestão “já se fez”, não depende da aprovação da iniciativa para ser considerada vitoriosa.

Nesta segunda, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) falou que a situação da reforma “parece” difícil e o governo precisa “construir os votos” para aprova-la. “Para mim é fundamental, acho importante que a gente pudesse votá-la”, acrescentou. 

Nesta terça-feira (7), está programada uma outra reunião para discutir esses assuntos com os líderes do Senado. Ainda nesta terça, Temer vai se reunir com os ministros da área social para que cada um apresente o andamento dos respectivos trabalhos nos ministérios e informe o que pode ser entregue de mais factível até o final do ano.