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Tasso diz que negou entregar presidência do PSDB e cita 'diferenças profundas' com Aécio

15.abr.2015 - O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)  - Jefferson Rudy/Agência Senado - 15.abr.2015
15.abr.2015 - O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado - 15.abr.2015

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

09/11/2017 18h04Atualizada em 09/11/2017 20h13

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse nesta quinta-feira (9) que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) faltou com sinceridade na carta que divulgou sobre a decisão de destituí-lo da presidência interina do PSDB. "Ele [Aécio], na verdade, não queria que eu fosse o presidente interino nem que fosse candidato a presidente porque hoje nós temos diferenças profundas, muito profundas", afirmou. 

Tasso narrou como foi a conversa com o senador mineiro nesta tarde. Segundo ele, Aécio pediu que ele entregasse o comando interino do partido, em razão de sua candidatura ao cargo anunciada nesta quarta-feira (8). Em carta divulgada, o senador mineiro alegou que seria necessária uma "isonomia" no processo antes das eleições de dezembro deste ano.

"Eu disse para ele que pedia dele uma certa sinceridade quando viesse argumentar as razões, por que afinal de contas nós somos amigos há mais de 30 anos, que eu sabia perfeitamente que ele queria isso não em nome da 'equidade'. Foi ele mesmo quem prorrogou o seu próprio mandato [de presidente do PSDB], não era assim que ele via a questão partidária", disse. 

O senador cearense negou entregar o cargo, o que resultou na atitude de Aécio reassumir a presidência para emitir o comunicado e logo indicar o então vice-presidente do partido, Alberto Goldman, para assumir a cadeira interinamente. "Eu preferia que ele me afastasse, e que eu queria que ficassem bem nítidas as nossas diferenças". Ao responder dessa maneira ao mineiro, Aécio deixou o gabinete do cearense, segundo Tasso. Minutos depois, ele recebeu a carta falando de sua destituição.

São conhecidas de todos vocês, são diferenças profundas, desde comportamento político, comportamento ético, visão de governo, fisiologismo, a questão de fisiologismo desse governo."

Tasso disse que Aécio alegou estar sendo "pressionado por ministros". Na avaliação do cearense, houve uma pressão vinda do governo de Michel Temer (PMDB) para sua retirada do comando interino. Tasso avaliou que não será fácil a concorrência pela presidência do PSDB ao "enfrentar e estrutura de poder do governo federal".

Para o senador cearense, Aécio tomou uma atitude egoísta ao se manter como presidente licenciado do PSDB. "Ele está agarrado nessa presidência, sabendo que ele ficando lá não traz nenhuma vantagem para o partido nesse momento. Se ele pensasse no coletivo no partido, essa crise nem estaria acontecendo hoje", disse.

Evidentemente, eu já disse uma frase e vou repetir: esse PSDB desses caras não é o meu PSDB."

Tasso assumiu interinamente o comando do partido em maio, após Aécio se licenciar do cargo por ter sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley Batista.

Para Perillo, decisão foi justa

Em nota, o governador goiano se defendeu das críticas de Tasso e disse que a decisão de Aécio foi "justa". "A decisão tomada hoje pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, foi correta e justa e restabelece o equilíbrio de forças para a disputa na Convenção Nacional do partido em dezembro. Seria antiético e nem um pouco isonômico o processo se essa decisão não fosse adotada, já que a máquina partidária poderia pender para o lado de quem estivesse no comando do partido", disse Perillo.

"De minha parte, continuo determinado a manter o nível elevado dos debates e proposições e, sobretudo, aberto ao permanente diálogo em defesa da unidade e da pacificação do PSDB. Sempre atuei com lealdade, solidariedade e em defesa das nossas teses e de nossos melhores propósitos para com o Brasil", declarou.

Veja abaixo a íntegra da nota do governador:

NOTA DO GOVERNADOR MARCONI PERILLO
A decisão tomada hoje pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, foi correta e justa e restabelece o equilíbrio de forças para a disputa na Convenção Nacional do partido em dezembro.
Seria antiético e nem um pouco isonômico o processo se essa decisão não fosse adotada, já que a máquina partidária poderia pender para o lado de quem estivesse no comando do partido.
O ex-governador Alberto Goldman é um líder com história e biografia respeitáveis no partido e na vida pública, e, portanto merecedor de todo o nosso respeito. Por certo, conduzirá com isenção, espírito público e ética o processo sucessório interno nos 30 dias que antecedem a Convenção, marcada para 9 de dezembro.
De minha parte, continuo determinado a manter o nível elevado dos debates e proposições e, sobretudo, aberto ao permanente diálogo em defesa da unidade e da pacificação do PSDB.
Dos 7 mandatos que exerci, 6 foram nos quadros do PSDB, e em todos os momentos da minha vida partidária fui solidário, ético e colaborativo para com meus companheiros, colaborando sempre com a unidade, em todas as convenções e momentos cruciais ou decisivos da vida do partido.
Nunca deixei de apoiar os candidatos à Presidência da República pelo PSDB, que sempre foram vitoriosos em Goiás, e jamais faltei para com meu partido. Sempre atuei com lealdade, solidariedade e em defesa das nossas teses e de nossos melhores propósitos para com o Brasil.
Goiânia, 9 de novembro de 2017
Marconi Perillo
Governador de Goiás