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Procuradoria pede condenação de Gleisi, pagamento de R$ 4 mi e perda do mandato

As acusações são contra a campanha de Gleisi Hoffmann ao Senado em 2010 - Foto: Agência Brasil
As acusações são contra a campanha de Gleisi Hoffmann ao Senado em 2010 Imagem: Foto: Agência Brasil

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

24/11/2017 17h22Atualizada em 24/11/2017 19h22

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, sejam condenados no processo em que são acusados de serem beneficiados com R$ 1 milhão no esquema de corrupção na Petrobras, que teriam sido usados na campanha de Gleisi ao Senado em 2010.

Raquel Dodge também quer que eles paguem R$ 4 milhões como reparação pelo crime e que a senadora perca o cargo. A procuradora-geral afirma no documento ter fixado para o pagamento por danos morais e materiais pelos crimes o valor de quatro vezes a propina que teria sido solicitada.

Segundo Dodge, o prejuízo provocado pela corrupção é difícil de ser quantificado. "Os prejuízos decorrentes da corrupção são difusos (lesões à ordem econômica, à administração da Justiça e à administração pública, inclusive à respeitabilidade do parlamento perante a sociedade brasileira), sendo dificilmente quantificados", escreve a procuradora-geral nas alegações finais.

A manifestação foi apresentada ao STF nas alegações finais da Procuradoria, entregues no processo contra Gleisi e Paulo Bernardo.

A senadora, que também é presidente do PT, tem afirmado que não há provas contra ela e que sua campanha em 2010 não recebeu esse dinheiro.

"Estou há três anos apanhando nesse processo. Não tem uma prova nele que mostre que eu tenha cometido qualquer ilícito, qualquer crime. E estou já sendo julgada e condenada antecipadamente", afirmou Gleisi, em entrevista a jornalistas após seu depoimento no STF, em agosto.

Gleisi e Paulo Bernardo foram denunciados ao STF por suspeitas dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sob a acusação de terem recebido R$ 1 milhão para a campanha da senadora em 2010.

De acordo com depoimento de delatores na Operação Lava Jato, o valor seria oriundo de recursos desviados de contratos da Petrobras. Ambos foram citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.

A defesa de Gleisi e Bernardo sustenta que as afirmações dos delatores foram desmentidas ao longo das investigações. Para a defesa, a acusação contra o casal foi baseada somente em supostas iniciais de Paulo Bernardo encontradas em uma agenda de Costa durante as investigações.

No dia 10 de julho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também prestou depoimento no processo como testemunha de defesa. Lula negou que Gleisi e Bernardo tivessem influência na indicação para cargos na Petrobras.

Em nota, o advogado de Gleisi afirmou que a acusação formulada pela PGR "foi baseada somente em depoimentos claramente conflitantes de três colaboradores premiados".

"Ao longo do processo, foram apresentados documentos, prestados testemunhos e ouvidos outros colaboradores que refutaram veementemente a acusação, seja sob o prisma da inexistente solicitação de valores a Paulo Roberto Costa ou da mentirosa história de entrega de valores por Alberto Youssef e Antônio Pieruccini", escreveu Rodrigo Mudrovitsch.

O advogado afirmou ainda que a senadora Gleisi Hoffmann vai apresentar as suas alegações finais "confiando em sua absolvição através de um julgamento técnico por parte do Supremo Tribunal Federal".