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Delegado cogita pedir perícia em imagens que não mostram agressão a Garotinho

24.nov.2017 - Garotinho prestou queixa em delegacia no Rio após denúncia de agressão na cadeia - Reprodução/Polícia Civil do Rio de Janeiro
24.nov.2017 - Garotinho prestou queixa em delegacia no Rio após denúncia de agressão na cadeia Imagem: Reprodução/Polícia Civil do Rio de Janeiro

Do UOL, no Rio

27/11/2017 12h56

O delegado Wellington Vieira, da 21ª DP (Bonsucesso), afirmou nesta segunda-feira (27) que cogita pedir uma análise pericial das imagens que contradizem o relato de agressão ao ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) dentro da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte carioca.

O político afirma que sua cela foi invadida na madrugada da última sexta-feira (24) por um homem com um taco de beisebol. O suspeito teria então aplicado golpes e ameaçado o ex-chefe do Executivo fluminense. As câmeras do circuito interno do presídio, no entanto, não captaram movimentação suspeita, segundo a Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária).

"Não está descartada uma perícia nessas imagens e também no local onde as imagens foram feitas", disse o delegado em entrevista à "GloboNews". "O ex-governador Anthony Garotinho, como qualquer outro cidadão, tem direito a uma investigação da Polícia Civil. As especulações sobre o que é verdade e o que é mentira tem que ficar para depois."

Em relação às divergências quanto às imagens do momento em que Garotinho teria sido agredido na cela, o advogado que representa Garotinho, Carlos Azeredo, disse que há um “vácuo” nas gravações.

“Há um vácuo, sem o período justamente que é alegado pelo ex-governador. Não tem nenhuma imagem, não tem nenhuma gravação”, disse. “Isso é um sistema né? Alguém opera esse sistema. Não sei o que pode ter acontecido. Agora, existem gravações da entrada do home theater no presídio? Das iguarias? Não. Por que a Seap não vai ter que apresentar isso? Vou requerer todas as imagens das entradas, das apreensões, tudo.”

Ainda de acordo com o delegado, se for comprovado que o ex-governador mentiu ao procurar a polícia, ele estará sujeito a indiciamento por falsa notificação de crime.

Garotinho será vigiado por câmera 24h

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A Seap alega que o ex-governador estava sozinho em uma galeria composta por nove celas, todas vazias. O órgão informou ainda ter examinado as imagens das câmeras da cadeia, que "não detectaram presença de qualquer pessoa ou estranhos na galeria onde se encontrava o detento que pudessem causar tais lesões".

garotinho pé - Divulgação - Divulgação
Garotinho mostra pé machucado após suposta agressão nas dependências do presídio
Imagem: Divulgação
Depois da abertura do inquérito, o político foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste.

Azeredo ainda afirmou que o atual secretário de administração penitenciária, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, era homem de confiança de Cabral e hoje é ligado ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), também investigado em esquemas de corrupção. Por isso, disse, o Ministério Público deveria afastar Erir do cargo.

“Senão, eu vou requerer. Houve um favorecimento aos presos da quadrilha do Sérgio Cabral”, informou.

Garotinho foi detido sob suspeita de ter praticado atos de corrupção e ter feito uso de vantagens ilícitas para financiamento ilegal de campanha. Em Benfica, também estão presos o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o presidente licenciado da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani, e outros caciques do partido.

Polícia ouvirá funcionários de presídio

Band News

Na sexta (24), o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio) apreendeu diversos alimentos finos como castanhas, presunto cru, queijos variados, bolinhos de bacalhau, iogurte em balde de gelo, entre outros, durante pente fino feito dentro das celas de Cabral, da sua mulher e ex-primeira dama, Adriana Ancelmo, do empresário de ônibus Jacob Barata Filho e da ex-governadora Rosinha (PR), mulher de Garotinho. A ação aconteceu na cadeia de Benfica, onde todos estes citados continuam detidos.