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Operação da PF contra desvios em obras em Alagoas mira ex-governador Teotônio Vilela

Teotonio Vilela Filho (PSDB) foi governador de Alagoas por duas vezes - Divulgação/Assessoria de imprensa
Teotonio Vilela Filho (PSDB) foi governador de Alagoas por duas vezes Imagem: Divulgação/Assessoria de imprensa

Luís Adorno e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

30/11/2017 09h46Atualizada em 30/11/2017 19h00

A PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) realizaram, nesta quinta-feira (30), uma operação em Alagoas que teve como um dos alvos o ex-governador do Estado Teotônio Vilela Filho. Em nota, ele negou qualquer irregularidade.

A ação, batizada de "Caribdis", mira uma suposta prática dos crimes de fraude a licitação, desvio de verbas públicas, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa relacionados a uma obra no sertão alagoano. As irregularidades envolvem a Odebrecht e a OAS, de acordo com os investigadores. A CGU (Controladoria-Geral da União) identificou desvios de R$ 70 milhões em função dos crimes.

Segundo a PF, houve o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 2ª Vara Federal de Alagoas, em Maceió. Entre as ordens judiciais, uma delas foi para averiguação no apartamento de Vilela, na capital.

De acordo com a PF, os crimes são relacionados à obra do Canal do Sertão Alagoano, ambos licitados pelo governo estadual durante a gestão do tucano. Os ilícitos ocorreram entre 2009 e 2014, apontam os investigadores.

Também está na mira dos investigadores Marco Fireman, secretário de Infraestrutura de Alagoas na época dos fatos. Atualmente, ele ocupa uma secretaria no ministério da Saúde.

Além de Maceió, ainda houve mandados cumpridos na região metropolitana, em Salvador (BA), Limeira (SP) e Brasília. Na capital federal, o mandado de busca e apreensão teve como alvo o ministério da Saúde. 

Segundo a assessoria do ministério, agentes da PF estiveram no gabinete de Fireman na manhã desta quinta-feira. "Não foram levados documentos ao final da busca", diz a pasta.

O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a PF a utilizar provas decorrentes de colaborações premiadas de pessoas relacionadas à construtora Odebrecht. A elas se somaram relatórios do TCU (Tribunal de Contas da União), constatando sobrepreço em contrato firmado entre o governo de Alagoas e a construtora no montante de R$ 33.931.699,46.

Delatores da Odebrecht já haviam apontado que Vilela teria recebido R$ 2,8 milhões em propina durante seu governo. Ele comandou Alagoas por dois mandatos, entre 2007 e 2014. Ele também foi senador entre 1987 e 2006.

A investigação também aponta a existência de acordo de divisão de lotes da obra do Canal do Sertão com a construtora OAS.

"Todo o material arrecadado será encaminhado à superintendência da PF em Alagoas, onde será analisado. A soma das penas máximas atribuídas aos delitos citados pode chegar a 46 anos de prisão", informou a PF, em nota.

Outro lado

Em nota, a assessoria de imprensa de Teotônio Vilela afirmou que o ex-governador "tem consciência de que não praticou nenhum crime e que a verdade será restabelecida".

A reportagem não conseguiu localizar Fireman. Segundo o ministério da Saúde, o secretário "está à disposição da PF para prestar todos os esclarecimentos". OAS e Odebrecht ainda não se pronunciaram.

O nome da operação, Caribdis, é referência a uma criatura marinha da mitologia grega que protegias de limites territoriais no mar.