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"É perseguição", diz Gleisi sobre julgamento de Lula; para Caiado, começou a "contagem regressiva"

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

12/12/2017 18h56

A presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), classificou como “sanha de perseguição” o fato de TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) ter marcado para o dia 24 de janeiro o julgamento do chamado processo do tríplex, no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sergio Moro, em julho deste ano.

Nesta terça-feira (12), o caso foi incluído na pauta da 8ª Turma do TRF-4, que é responsável por analisar em segunda instância os processos da Operação Lava Jato julgados por Moro.

“Inacreditável a sanha de perseguição ao Lula! É muito medo dele na eleição!”, disse Gleisi em postagem em sua conta no Twitter.

Em nota oficial divulgada pelo PT, Gleisi reafirma que Lula será o candidato do partido à Presidência da República nas eleições do próximo ano, independente do resultado do julgamento. "Se têm a expectativa ver Lula inelegível a partir do julgamento da apelação, enganam-se. Qualquer discussão ou questionamento sobre sua candidatura só se dera após o registro no Tribunal Superior Eleitoral, em agosto. Lula é o nosso candidato e será o próximo presidente do Brasil", diz o texto.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também se manifestou por meio de sua conta no Twitter, destacando a tramitação “recorde” e classificando-a como perseguição.

“É impressionante o tratamento que o TRF tem dado ao presidente Lula! Com tramitação recorde o julgamento do recurso no caso triplex foi marcado para 24/01. É uma perseguição!”, postou.

Também cotado como possível candidato à Presidência da República no próximo ano, o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, classificou como “escandalosa” e sem “pudor” a rapidez com que o TRF-4 pretende julgar o recurso da defesa do ex-presidente Lula, afirmando que os juízes estão fazendo “política”.

“Escandaloso! TRF 4 fura todas as filas de processo e perde qualquer pudor antecipando o julgamento de Lula. Quando juízes fazem política não se pode falar em democracia”, disse em seu Twitter.

Caiado fala em “contagem regressiva”

Já o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que com o julgamento marcado para o dia 24 de janeiro dá início a “contagem regressiva” para que Lula seja o primeiro ex-presidente do Brasil a ser preso. “Começou a contagem regressiva. Em algumas semanas, Lula deve ser o primeiro ex-presidente da história a cumprir pena em reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro”, postou também no Twitter.

O senador José Medeiros (PSD-MT) rebateu a afirmação de que o processo contra Lula teve mais celeridade no Judiciário. Ao UOL, ele disse que “até demorou muito”, fazendo menção a denúncias contra o ex-presidente desde a época do mensalão. “De 2004 para cá, ele até conseguiu ficar acima da coisa toda. Foi caindo o pessoal do PT, mas demorou a bater nele. Agora que a Justiça alcançou, [o tempo] é o procedimento normal”, acredita.

Medeiros disse ainda que lamenta o que acontece com Lula, mas que é preciso separar “o mito” da pessoa que “cometeu o crime”. “A gente lamenta ver um mito que nem o Lula assim [condenado por corrupção]. Mas temos que separar o mito da pessoa que cometeu o crime. Lamentamos, mas tem a coisa positiva de que acabou o estigma de que cadeia é só para pobre”, disse.

Condenação em primeira instância foi em julho

Lula foi condenado em primeira instância a 9 anos e meio de prisão. Segundo a sentença de Moro, o ex-presidente recebeu um total de R$ 2,2 milhões em propina da construtora OAS na forma de um tríplex no Guarujá (SP) e das reformas feitas no imóvel. De acordo com o juiz, Lula recebeu a "vantagem indevida" em decorrência do cargo de presidente da República. Já a defesa do ex-presidente afirma que foram ignoradas "evidências esmagadoras de inocência" e que não há provas dos crimes citados na sentença.

Se a condenação for mantida na segunda instância, Lula pode ser barrado pela Lei da Ficha Limpa de se candidatar à Presidência em 2018. Atualmente, ele lidera todas as pesquisas de intenção de voto para o pleito.