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Réu na Lava Jato diz a Bretas ter emprestado picape para campanha de Paes no Rio

6.out.2012 - Eduardo Paes durante campanha à reeleição no Rio pelo PMDB - Daniel Marenco/Folhapress
6.out.2012 - Eduardo Paes durante campanha à reeleição no Rio pelo PMDB Imagem: Daniel Marenco/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

15/12/2017 12h49

O empresário José Ronaldo Pinto de Mello, réu em ação penal da Lava Jato no Rio de Janeiro, afirmou nesta sexta-feira (15) ter emprestado uma picape blindada para a campanha eleitoral do ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB) por intermédio do agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, o Arizinho, apontado como operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Segundo Mello, que fez acordo de colaboração premiada, a doação foi declarada à Receita e registrada na Justiça Eleitoral. "O custo foi contabilizado", declarou ele ao juiz Marcelo Bretas, em interrogatório na 7ª Vara Federal Criminal. O ano em que isso ocorreu não foi especificado. Paes foi candidato a prefeito em 2008 e em 2012.

A menção ao empréstimo de um veículo à campanha do ex-prefeito foi tema de vários questionamentos por parte do magistrado e do procurador da República José Augusto Vagos, que acompanhou a audiência. Sobretudo pela conexão com Ary Ferreira da Costa Filho, já condenado --a nove anos de prisão-- por lavagem de dinheiro no processo derivado da Operação Mascate.

Ao UOL, Paes afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que, "se consta na declaração de contas, é porque é legal e verdadeiro".

O empresário disse ainda ter emprestado uma picape para a campanha de reeleição de Cabral, em 2010, quando ele conquistou seu segundo mandato à frente do Executivo fluminense. O interrogado ressaltou que a doação também foi legal e afirmou que o ex-governador utilizava o veículo para carreatas com a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT).

"Ficou à disposição dele, mas ele usava sempre com a Dilma", disse.

Mello responde a processo que tem como réus ele e o operador financeiro Carlos Miranda, que, segundo denúncia do MPF (Ministério Público Federal), gerenciava a propina no suposto esquema chefiado por Sérgio Cabral. O empresário é acusado de ter emitido notas fiscais frias para lavar dinheiro de Miranda --cerca de R$ 250 mil.

Miranda, também delator, confirmou a Bretas a versão apresentada por Mello. Disse ainda que era comum o empréstimo de automóveis para campanhas eleitorais, e que Ary Ferreira da Costa Filho costumava fazer a ponte entre empresas do ramo e políticos do PMDB. "Não lembro se isso começou em 1998 ou 2002", declarou.