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Visitas de Funaro em prisão domiciliar têm até "parceiro de tênis"; "vai virar festa", reclamou juiz

Do UOL, em São Paulo

21/12/2017 21h51

O operador Lúcio Funaro deixou o presídio da Papuda, em Brasília, na quarta-feira (20). Antes, em audiência de custódia em que teve sua prisão domiciliar decretada, o delator pediu ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal no Distrito Federal, que autorizasse a visita de amigos em sua residência. Entre eles, Funaro cita um "primo distante", "dois vizinhos", uma pessoa que cuida de seu "barreiro" -- negócio relacionado a cerâmica -- e um "parceiro de tênis".

Na madrugada de ontem Funaro começou a cumprir seu novo regime em uma grande casa em Vargem Grande do Sul, no interior de São Paulo. A ida para a prisão domiciliar estava prevista no acordo de colaboração assinado por ele com o MPF (Ministério Público Federal).

Funaro conseguiu convencer o juiz a deixá-lo ficar em prisão domiciliar mesmo sem a utilização de tornozeleira eletrônica, já que não havia nenhuma disponível em Brasília. O delator será monitorado por um sistema de câmeras que se comprometeu a instalar no imóvel. As imagens, ele prometeu, serão enviadas em tempo real para a Justiça no DF.

Pelo acordo de delação premiada, Funaro teria direito de receber em prisão domiciliar a visita de parentes até o quarto grau, profissionais de saúde, advogados constituídos e pessoas estabelecidas em uma lista com até 15 nomes.

O juiz Vallisney de Souza Oliveira quis saber quem eram as pessoas que integrariam essa lista extra. Funaro então descreve um a um: o vizinho, responsável pela instalação das câmeras; um "meio primo"; um amigo "maçom"; o seu "melhor amigo na cidade"; um "barreiro" que cuida de negócios que possui com cerâmica; um médico; o agrônomo e o veterinário de sua fazenda; e um "parceiro de tênis".

A inclusão de um parceiro de tênis chamou a atenção do juiz. Funaro se explicou: "Como tem quadra de tênis na casa, eu deixei separado uma pessoa pra jogar tênis comigo. Se o senhor não se opor". Vallisney de Souza Oliveira então afirmou que se oporia apenas à presença de duas pessoas descritas somente como amigos por Funaro.

Contudo, diante da insistência do delator, o juiz acabou liberando a presença de um dos amigos. "Neste momento, Natal, tudo, passa. Até fevereiro. Se não vai ficar uma festa na sua casa lá, muita gente". Ao que Funaro responde: "Não vai [ficar uma festa], porque eu não vou deixar entrar todos de uma vez".

Em sua delação, Funaro afirmou que o empresário da JBS Joesley Batista fazia pagamentos mensais para que ele não fechasse um acordo de delação. Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os pagamentos de Joesley receberam o aval do presidente Temer. O presidente afirma não ter cometido irregularidades.

A delação de Funaro levantou suspeitas contra líderes do PMDB e ajudou a sustentar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB)Ele também implicou o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em práticas criminosas. Ambos negam as acusações.