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Glaucos quer que Moro peça vídeos a hospital para provar visita de advogado amigo de Lula

Costamarques é proprietário do apartamento vizinho ao em que vive Lula - Reprodução - 6.set.2017
Costamarques é proprietário do apartamento vizinho ao em que vive Lula Imagem: Reprodução - 6.set.2017

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

08/01/2018 14h47Atualizada em 08/01/2018 17h19

A defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques, proprietário do apartamento vizinho ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Bernardo do Campo, pediu que o juiz Sergio Moro solicite ao hospital paulistano Sírio-Libanês imagens do circuito de segurança. O objetivo dos defensores de Costamarques é provar que o advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula, visitou seu cliente durante o período em que ele esteve internado no hospital, no final de 2015.

Registros de visitas enviadas pelo hospital a Moro não apontam a visita de Teixeira, que também é réu no processo, ao engenheiro. Em manifestação de setembro do ano passado, o hospital já informou que não guarda imagens por mais de 15 dias.

Costamarques, Lula, Teixeira e mais cinco pessoas são rés no processo sobre um esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a Petrobras e a Odebrecht. Segundo a denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal), parte do valor desviado teria sido lavada a partir da compra do apartamento, que, segundo os investigadores, seria de Lula. O engenheiro seria um "laranja". 

“O que busca o réu [Costamarques] com a diligência é esgotar os meios de que dispõe para provar que Roberto Teixeira o visitou no hospital e com ele tratou do início do pagamento dos aluguéis do imóvel de São Bernardo”, diz o documento assinado pelo advogado Sérgio Palomares. “O fato de não haver apontamentos de Teixeira nos registros de entrada do hospital, não quer dizer que ele não tenha entrado no hospital. Aliás, nem mesmo o hospital chega a afirmar que ele lá não adentrou.”

Para Palomares, o nome do advogado não estar na lista de visitantes “é diferente de afirmar que ele não esteve lá.” “Roberto Teixeira visitou o acusado em uma das unidades em que esteve internado, no período indicado [23 de novembro a 29 de dezembro], e os vídeos poderão confirmar essa ocorrência”, disse o defensor de Costamarques.

No hospital, Costamarques diz ter recebido a visita de Teixeira, que, na ocasião, avisou que passaria a receber o pagamento do aluguel do apartamento a partir de então. Segundo o engenheiro, ele não recebeu valores pela locação do imóvel, utilizado por Lula, entre 2011 e 2015.

A defesa do engenheiro não sabe dizer se os vídeos existem, mas avalia que “é o que cabe à defesa por ora: esgotar os meios de que dispõe para materializar a verdade real daquele episódio”. “É o que pode o acusado fazer em busca da verdade real.”

Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse que “requerimentos manifestamente descabidos somente se justificam por algum temor imposto ao Sr. Glaucos da Costamarques, que tem parentes envolvidos na operação Lava Jato."

Zanin não citou nomes, mas Costamarques é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, condenado a nove anos e dez meses de prisão em processo da Lava Jato no ano de 2016. 

"Costamarques reafirmou inúmeras vezes que é o proprietário do apartamento alugado à família de Lula e o pagamento dos aluguéis foi comprovado pelos recibos com declaração de quitação anexados ao processo, com assinaturas reconhecidas pelo próprio empresário”, disse o advogado.
 
A reportagem procurou a defesa de Teixeira a respeito do pedido dos advogados de Costamarques, mas não obteve retorno até o momento.