Após transferência de Cabral por regalias, TJ afasta secretário de Administração Penitenciária do RJ
A Justiça do Rio de Janeiro determinou o afastamento do secretário estadual de Administração Penitenciária, Erir Ribeiro Costa Filho. Também foram afastados cinco gestores do sistema prisional fluminense.
O afastamento foi pedido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que acusou os seis gestores de favorecer com tratamento diferenciado e regalias o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) durante o período em que esteve detido em Bangu 8 e na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio. Ele foi preso em novembro de 2016.
Além do secretário, foram afastados o diretor e o subdiretor de Bangu 8 e o diretor e o subdiretor da cadeia de Benfica, onde estão os presos da Lava Jato no Rio.
Cabral foi transferido nesta quinta-feira (18) para o Paraná por determinação da Justiça Federal.
Entre os argumentos para a transferência, o MPF no Rio citou a ação civil pública que resultou no afastamento da cúpula da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) --eles são acusados de improbidade administrativa.
A Promotoria cita o home theater instalado na prisão em Benfica como um dos “momentos mais significativos” dessas vantagens obtidas por Cabral.
“O desrespeito às regras do presídio incluiu a tentativa de instalação de uma ‘videoteca’, que constituía uma espécie de sala de cinema, dotada de equipamento de ‘home theater’; e acervo de DVDs que foram objeto de suposta doação e direcionados imediatamente ao alcance do local que abrigava o ex-governador”, diz o MP.
De acordo com os promotores, outros privilégios foram constatados, como “colchões em padrão distinto dos ordinariamente distribuídos pela Seap, filtros de água padronizados, instrumentos de musculação de bom padrão como halteres e extensores de uso exclusivo, alimentos in natura, ‘produtos de delicatessen’ como queijos, frios e quitutes de bacalhau, chaleira elétrica e farta quantidade de medicamentos”.
Ao episódio, se somaram outras linhas de investigação que incluem diferença de tratamento quanto à visitação e deslocamento interno, além de supostas falhas no sistema de monitoramento dos internos da galeria C em Benfica, que abrigava o ex-governador.
Essas regalias, diz o Ministério Público, teriam ligação com uma aliança entre a cúpula que administra o sistema penitenciário no Estado e Cabral, permitindo que Cabral tivesse dentro da cadeia a reprodução de práticas de sua vida privada.
Procurada, a Seap ainda não se manifestou sobre o afastamento.
*Com Agência Brasil
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