Deputado nega fuga, diz que queria evitar constrangimento e que se entregaria
Preso na manhã desta quinta-feira (8) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, após uma tentativa frustrada de entrar no Paraguai, o deputado federal João Rodrigues (PSD-SC) negou que estivesse fugindo e disse que mudou sua passagem de retorno para o país vizinho para evitar o constrangimento de sua família. Ele foi detido dois dias após a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido por sua prisão imediata.
Em vídeo publicado na manhã desta quinta-feira em seu perfil no Facebook, Rodrigues explicou por que mudou seu retorno de Campinas, cidade a cerca de 90 quilômetros de São Paulo, para a capital do Paraguai. "Mudamos a passagem para vir por Assunção. Por que mudamos? Porque eu queria evitar o constrangimento para minha família", disse.
Segundo a PF (Polícia Federal), foi possível identificar que o "deputado se encontrava no exterior [Estados Unidos] e havia modificado seu bilhete de passagem, alterando o destino final do Brasil para o Paraguai". O prazo dado para execução da pena prescreveria na próxima segunda-feira (12).
"Com base nisso, o deputado João Rodrigues foi impedido de entrar no Paraguai, tendo sido embarcado em voo rumo a Guarulhos, onde foi preso", disse a PF em nota.
O parlamentar disse que, após desembarcar no Paraguai, pretendia voltar ao Brasil indo de carro até Chapecó (SC), cidade a cerca de 800 quilômetros da capital paraguaia, para, na sexta-feira (9), se apresentar à Polícia Federal. Com a prisão nesta quinta-feira, ele será transferido de São Paulo a Brasília ainda hoje.
Em nota, a assessoria do parlamentar disse que “se sente magoado em razão de uma condenação extremamente injusta”, mas que, “ao mesmo tempo, [ele] está aliviado”. No vídeo, Rodrigues diz que nunca desviou dinheiro público, mas que “a Justiça é para todos". "Ela precisa ser cumprida”.
Condenação
O parlamentar havia sido condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto por crimes da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Licitações enquanto era prefeito do município de Pinhalzinho (SC). A defesa do deputado nega as irregularidades.
Ele aguardava a ordem de execução de sua pena em liberdade por meio de recursos judiciais. Em dezembro de 2017, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu que a pena de Rodrigues fosse executada imediatamente sob risco de prescrição.
“Há 20 anos, sofro com esse processo. Esperava que o desfecho fosse outro, mas, infelizmente, por razões que não entendo, vou cumprir a pena, aguardando uma modificação nessa determinação judicial”, teria dito o parlamentar segundo a nota.
De acordo com os assessores, o deputado disse que acredita na Justiça e que seus advogados irão “reverter essa situação”.
Rodrigues ficou conhecido nacionalmente em 2015 ao ser flagrado assistindo a vídeos pornô em seu telefone celular no plenário da Câmara dos Deputados. À época, ele disse que o vídeo havia sido enviado a ele por amigos.
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