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MPF prepara denúncia contra Cabral por suspeita de funcionários fantasmas na Fecomércio-RJ

Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, preso e condenado na Lava Jato - Pedro Teixeira/ Agência O Globo
Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, preso e condenado na Lava Jato Imagem: Pedro Teixeira/ Agência O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

23/02/2018 13h09Atualizada em 23/02/2018 16h21

O MPF (Ministério Público Federal) prepara uma nova denúncia contra o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, desta vez por corrupção passiva. Desta vez, a investigação ocorre no âmbito da Operação Jabuti, mais um desdobramento da Lava Jato no Rio, que investiga a Fecomércio por lavagem de dinheiro e pagamento de cerca de R$ 180 milhões em honorários advocatícios com recursos da entidade.

Se confirmada, será a 22ª denúncia apresentada contra o ex-governador no âmbito da Operação Lava Jato. Preso desde novembro de 2016, o político já foi condenado em quatro ações penais pela Justiça Federal do Rio e do Paraná. As penas já aplicadas somam 87 anos de prisão.

Nos R$ 180 milhões investigados pela Lava Jato, estão incluídos cerca de R$ 19,8 milhões que teriam sido pagos ao escritório pertencente a Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB).

A operação investiga também a contratação de funcionários fantasmas pelo Sesc e pelo Senac, que funcionam sob administração da Fecomércio-RJ. Segundo a PF, os integrantes do esquema foram indicados pelo ex-governador, Sérgio Cabral. Entre eles, estão sua chefe de cozinha e sua governanta, que recebiam salários por meio do Sistema S.

“A organização de Cabral emprestou sua ‘expertise’ e sua equipe para lavar dinheiro no esquema da Fecomércio. Foram indicados parentes do Carlos Miranda, Carlos Bezerra, a irmã do Wilson Carlos [supostos operadores da quadrilha], por exemplo. Aquelas pessoas mais próximas a Sérgio Cabral na organização criminosa eram indicadas para receber sem trabalhar", afirmou o procurador José Augusto Vagos durante entrevista.

A chef de cozinha Ana Rita Menegaz e a governanta Sônia Ferreira Baptista receberam salário da entidade durante muitos anos, segundo a investigação. Ana Rita foi contratada pelo Senac em março de 2007, e permaneceu na relação de empregados até maio do ano passado, com remuneração inicial de R$ 8.000 por mês. O último salário de Rita foi de R$ 18.248. Já Sônia, começou, em fevereiro de 2004 recebendo R$ 6.298, e seu último salário em abril de 2012 foi de R$ 10.591.

Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ, foi preso na manhã desta sexta-feira (23). Em dezembro, ele já havia sido afastado do comando do Sesc pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por suspeita de irregularidades no comando da entidade.

Além de Diniz, preso preventivamente (por tempo indeterminado), foram presos temporariamente (por cinco dias) os funcionários da Fecomércio Plínio José Freitas Travassos Martins, Marcelo José Salles de Almeida e Marcelo Fernando Novaes Moreira.

O advogado de Sérgio Cabral, Rodrigo Roca, criticou a atuação do MPF e a “mecânica da operação policial”. “A polícia Federal prende alguém que diz ser suspeito de ter praticado algum ilícito em conjunto com o ex-governador; após a prisão, o suspeito recebe algum benefício depois de ter acusado Sérgio Cabral de praticar tudo o que disse a acusação. A única dúvida é sobre quem será o delator (e beneficiário) desta vez. Nada de novo”, afirmou Roca em nota.