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Temer diz que não é fácil ser presidente e que agora vai combater ataques

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

13/03/2018 17h48Atualizada em 13/03/2018 20h39

O presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta terça-feira (13) que, a partir de agora, adotará um tom combativo contra aqueles que fizerem ataques contra ele ou contra a sua gestão.

Durante evento na Associação Comercial de São Paulo, o emedebista fez um discurso de pouco menos de uma hora em que listou feitos de sua administração - reforma trabalhista, reforma do ensino médio e teto de gastos, entre outros - e elevou o tom de voz ao se referir a uma suposta "conspiração" que disse ter enfrentado durante seu governo.

Temer falava sobre ter travado uma "guerra" para aprovar a Reforma da Previdência - que está parada no Congresso por falta de votos - quando iniciou uma fala mais ríspida contra seus adversários, sem nomeá-los.

"Vocês acompanharam a guerra que eu pessoalmente recebi em razão dos setores interessados nisso. Eu denuncio, eu acuso, eu aponto o dedo. Porque hoje tem que apontar o dedo, se você não fizer isso, você não 'reinstitucionaliza' o país", afirmou sobre a reforma. "E o país perdeu inteiramente a ideia de liturgia, a ideia de autoridade, a ideia de  uma certa hierarquia, responsabilidade".

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Sem explicitar quem seriam os adversários, Temer afirmou que foi vítima de uma conspiração e fez um desabafo sobre comandar o país.

"Eu confesso que a essa altura da vida só mesmo fazendo pregações dessa natureza é que eu me sinto confortável por ser presidente da República. Porque não é fácil. (...) Confesso a vocês que quando eu cheguei lá, essas questões destrutivas, essas questões daqueles privilegiados tentaram degradar-me moralmente, e eu tenho dito com muita frequência que não vou mais tolerar isso. Eu digo que agora vou combater isso, até porque meus detratores hoje ou estão na cadeia ou estão desmoralizados", afirmou Temer.

"Tal como denunciei num dos primeiros pronunciamentos que fiz, quando denunciei a conspiração que havia. E é interessante que, não passou um período de seis meses para que viesse à luz essa conspiração, essa realidade. Foram todos desmascarados", completou.

Ao longo de quase dois anos de governo, Temer foi denunciado duas vezes pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por investigações oriundas das delações da JBS e do doleiro Lúcio Funaro. As duas peças, apresentadas pelo então PGR Rodrigo Janot e aceitas pelo ministro do STF, Edson Fachin, foram arquivadas pela Câmara dos Deputados. Ele também é alvo de inquérito no STF pelo chamado "decreto dos portos".

Justamente por este último inquérito, Temer teve seu sigilo bancário quebrado por determinação do ministro Luis Roberto Barroso, do STF. O magistrado ainda determinou a quebra do sigilo telefônico e telemático de outros envolvidos no caso, como o ex-assessor de Temer e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures. Barroso também restringiu um indulto natalino assinado pelo presidente em dezembro do ano passado.

Em entrevista concedida nesta terça no Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que Barroso tem "motivação político-partidária" junto ao PT (Partido dos Trabalhadores).

"Melhor governo que o Brasil conheceu"

Durante o evento, Temer afirmou que a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro ainda poderá ser interrompida para que seja aprovada a reforma da Previdência. "Deixando a modéstia de lado, este será o melhor governo que o Brasil conheceu", exaltou.

Na avaliação do presidente, adversários nas eleições presidenciais terão dificuldade de discutir as obras de sua gestão. "Quem se opuser ao nosso governo vai ter que trabalhar muito. Vai ter que ser intensamente criativo", pontuou.