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Tentam destruir reputação de Temer, diz Planalto

Temer se reuniu com seu advogado no Palácio da Alvorada nesta sexta - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Temer se reuniu com seu advogado no Palácio da Alvorada nesta sexta Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Marina Motomura

Do UOL, em Brasília

30/03/2018 18h59Atualizada em 30/03/2018 20h08

Em nota oficial, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência criticou nesta sexta-feira (30) a Operação Skala, da Polícia Federal, e disse que há uma tentativa de “destruir a reputação do presidente Michel Temer”. A operação prendeu dois amigos do presidente, além de empresários e um ex-ministro.

"Tentam mais uma vez destruir a reputação do presidente Michel Temer. Usam métodos totalitários, com cerceamento dos direitos mais básicos para obter, forçadamente, testemunhos que possam ser usados em peças de acusação. Repetem o enredo de 2017, quando ofereceram os maiores benefícios aos irmãos Batista [da JBS] para criar falsa acusação que envolvesse o presidente. Não conseguiram e repetem a trama, que, no passado, pareceu tragédia, agora soa a farsa”, diz a nota.

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Na nota, o Planalto também nega que o decreto dos Portos teria beneficiado a Rodrimar. "A mais rasa leitura do decreto teria enterrado, no ano passado, o pedido de abertura de tal investigação pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot. O fato é que a Rodrimar não se encaixa neste parágrafo, neste artigo, no todo do decreto ou na sua interpretação”, diz a nota do Planalto.

O governo também critica “autoridades”, sem citar nomes. "Sem ter fatos reais a investigar, autoridades tentam criar narrativas que gerem novas acusações. Buscam inquéritos arquivados duas vezes pelo Supremo Tribunal Federal, baseados em documentos forjados e já renegados formalmente à justiça, e mais uma vez em entrevista à revista Veja deste final de semana.”

A secretaria de comunicação também diz que a operação "busca retirar o presidente da vida pública, impedi-lo de continuar a prestar relevantes serviços ao país, como ele fez ao superar a mais forte recessão econômica da história brasileira. Bastou a simples menção a possível candidatura para que forças obscuras surgissem para tecer novas tramas sobre velhos enredos maledicentes”.

"No Brasil do século XXI, alguns querem impedir candidatura. Busca-se impedir ao povo a livre escolha. Reinterpreta-se a Constituição, as leis e os decretos ao sabor do momento. Vê-se crimes em atos de absoluto respeito às leis e total obediência aos princípios democráticos”, conclui o texto divulgado nesta sexta.

Na quinta-feira (29), foi decretada a prisão temporária de 13 pessoas no inquérito que investiga se houve irregularidades na edição por Temer de um decreto sobre o setor portuário. A operação foi pedida pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), que vem acumulando desgaste com o Planalto.

Após as prisões, Temer passou esta quinta-feira reunido com seu advogado, Antonio Claudio Mariz, e ministros no Palácio da Alvorada. A nota foi divulgada no início da noite, após as reuniões.

Em entrevista à revista IstoÉ na semana passada, Temer aventou a possibilidade de se candidatar à reeleição. No entanto, ele tem cerca de 1% de intenções de voto, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada em março. O Planalto teme que o desenrolar das investigações sobre o decreto dos Portos leve a uma terceira denúncia contra Temer pela PGR.

Operação prendeu empresários e ex-ministro

A Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal na quinta, prendeu dois amigos de Temer: o advogado e ex-assessor José Yunes e o coronel da PM aposentado João Batista de Lima.

Ao menos Yunes e o empresário Antônio Celso Grecco, dono do grupo Rodrimar, que atua no Porto de Santos, já entraram com pedidos de liberdade no STF.

Além deles, outras 11 pessoas foram presas. Entre elas estão os empresários Antônio Celso Grecco, da empresa Rodrimar, Celina Borges Torrealba, do Grupo Libra, e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi. 

As prisões aconteceram como resultado do inquérito contra Michel Temer que tramita no STF e que apura as suspeitas de que Temer recebia vantagens indevidas de empresas do setor portuário e, em troca, as beneficiava por meio de leis e medidas provisórias.

Em maio de 2017, a PF fez buscas na sede da Argeplan, em São Paulo - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo
Em maio de 2017, a PF fez buscas na sede da Argeplan, em São Paulo
Imagem: Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo

Esquema de portos funcionaria há 20 anos

Segundo despacho de Barroso, relator do inquérito, há suspeitas de que o esquema do qual Temer se beneficiaria estaria em funcionamento há pelo menos 20 anos

A expectativa é que uma terceira denúncia contra o presidente Temer possa ser apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Temer já foi alvo de outras duas denúncias, ambas com andamento suspenso por decisão da Câmara dos Deputados

Na última quinta-feira, ministros e assessores próximos saíram em defesa de Temer. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, voltou a dizer que a MP (medida provisória) dos Portos não beneficiaria a Rodrimar, uma das empresas cuja ligação com Temer é investigada. Os demais envolvidos negam as acusações.

Planalto teme terceira denúncia contra Temer

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