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Após declarações de general, Jungmann diz que chance de novo golpe militar é de "menos um"

O ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública - Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

04/04/2018 12h00Atualizada em 04/04/2018 12h55

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou que, "de zero a dez", a chance de um novo golpe militar, como o de 1964, é de "menos um". "O Exército é um ativo democrático", disse ele, nesta quarta-feira (4), ao ser questionado sobre as declarações do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.

Na noite de ontem (3), véspera do julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no STF (Supremo Tribunal Federal), o oficial das Forças Armadas afirmou que o Exército "se mantém atento às suas missões institucionais". Em mensagens publicadas no Twitter, ele disse ainda que a instituição compartilha "o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia".

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"De zero a dez, a chance é de menos um. Não há a menor possibilidade. As Forças Armadas são, e eu gostaria que vocês registrassem isso, um ativo democrático no Brasil hoje. O comportamento das Forças Armadas tem sido impecável em termos de institucionalidade e constitucionalização. Digo na qualidade de quem foi ministro da Defesa por praticamente dois anos e de quem conviveu com todos os militares", afirmou o ministro nesta manhã.

Na visão de Jungmann, as palavras de Villas Bôas representam "a defesa da institucionalidade, a defesa da Constituição e, sobretudo, a noção que regra do jogo é para ser cumprida e aceita". Para o ministro, o comandante tem respaldo para falar "em nome da força", o que seria positivo devido ao "clima de polarização" e "radicalização" que o país vive atualmente. Ele disse ainda não considerar que haja no Brasil qualquer iniciativa em curso no sentido de impor um regime militar.

"Esse clima que nós vivemos de polarização e, muitas vezes, de radicalização, que evidentemente preocupa a todos nós, que ele possa ser encaminhado... Que ele possa ser resolvido constitucionalmente. Porque, fora da Constituição e do jogo democrático, não há caminho no Brasil. E nem vejo nenhuma força política no Brasil, com exceção daquelas que são absolutamente minoritárias, propor um retorno ao passado. Ninguém quer isso e isso não tem o menor curso no Brasil. Eu posso assegurar a vocês", completou.

Jungmann participou na manhã de hoje da reativação da escola de hotelaria localizada no Centro de Hotelaria Rinaldo de Lamare, na Rocinha. O projeto, desenvolvido em parceria do Ministério do Desenvolvimento Social com o Sesc/Senac, vai oferecer 160 vagas para cursos de camareira, recepcionista e organizador de eventos, com oficinas introdutórias durante o mês de abril e aulas diárias a partir de maio.

Serão disponibilizadas ainda 4.000 vagas de cursos gratuitos por meio do Senac, abrangendo as áreas de comércio, serviços e turismo, para o público do programa Progredir, lançado em setembro do ano passado. O projeto almeja incentivar incentivar iniciativas de empreendedorismo de pessoas inscritas no Cadastro Único, principalmente as beneficiárias do Bolsa Família.

Pouco antes da abertura da cerimônia, houve um momento de constrangimento. Foram anunciados para compor a mesa ministros e o interventor federal do Rio, general Walter Braga Netto. Da plateia, um homem, possivelmente morador da Rocinha, reivindicou: "Não vai ter ninguém da Rocinha na mesa?". Pouco depois, a presidente da associação de moradores da comunidade, Adriana de Medeiros Paz, foi chamada para se sentar ao lado das autoridades.