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PT tenta acordo com Jungmann e PF para "flexibilizar" visitas a Lula, diz Gleisi

Presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, participa de ato em apoio ao ex-presidente Lula em Curitiba - J. F. Diorio/Estadão Conteúdo
Presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, participa de ato em apoio ao ex-presidente Lula em Curitiba Imagem: J. F. Diorio/Estadão Conteúdo

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Curitiba (PR)

09/04/2018 17h22

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT), afirmou nesta segunda-feira (9) que o partido está em contato com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e com a PF (Polícia Federal) para tentar “flexibilizar” as visitas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso na Superintendência da PF em Curitiba desde o último sábado (7).

Gleisi defendeu que haja "flexibilidade" para as visitas a Lula, já que muitas pessoas gostariam de vê-lo, segundo ela. A senadora declarou que Jungmann concordaria com essa flexibilidade. Segundo as regras da PF, as visitas – com exceção de encontros com advogados – só podem ocorrer às quartas-feiras.

"A gente está recebendo demanda sobre isso. Estamos organizando obviamente com os nossos advogados a forma de operacionalizar isso, não só com os advogados, mas também com a direção da Polícia Federal e com o ministro Raul Jungmann, que acha que também tem que ter uma flexibilidade para que as pessoas vejam o presidente, não pode ficar algo só na decisão judicial. Estamos tentando mediar tudo isso”, disse Gleisi na abertura de reunião extraordinária da Executiva Nacional do partido em Curitiba.

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Segundo ela, dez governadores chegarão a Curitiba nesta terça (10) para tentar visitar Lula. O PT informou os nomes de Flávio Dino (PCdoB-MA), Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE), Paulo Câmara (PSB-PE), Welington Dias (PT-PI), Ricardo Coutinho (PSB-PB), Tião Viana (PT-AC) e Renan Filho (MDB-AL). Também está na lista Jackson Barreto (MDB), que deixou o governo do Sergipe esta semana para disputar eleição ao Senado. A senadora também disse que "personalidades internacionais", como o ex-presidente uruguaio José Mujica, querem ver Lula.

Vigília até quarta

A senadora disse também nesta segunda esperar que a vigília de apoiadores do ex-presidente em Curitiba vá apenas até quarta-feira (11). A declaração tem relação com a expectativa de que o STF revise, naquela data, o entendimento que permite a prisão após uma condenação em segunda instância --o que beneficiaria Lula.

"Esperamos ter, em todos esses dias, muitas atividades lá [na vigília]. Mas esperamos obviamente que seja até quarta-feira", afirmou Gleisi.

Desde que o Supremo negou, na quarta-feira passada, um habeas corpus que evitaria a prisão de Lula, petistas têm pressionado publicamente a Corte para julgar duas ADCs (Ações Declaratórias de Constitucionalidade) que questionam o cumprimento de penas antes de um processo esgotar seus recursos. O ministro Marco Aurélio de Mello disse na semana passada que pode levar ao plenário, no dia 11, um pedido de liminar sobre o tema.

Até o momento, integrantes do PT não têm falado publicamente sobre o que o partido fará caso Lula continue preso. O discurso é de que o ex-presidente continua sendo o candidato do partido nas eleições deste ano, apesar de estar detido e, em tese, inelegível pela Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ao mesmo tempo, petistas também não falam em público sobre como Lula faria campanha caso continue na cadeia, dizendo que não trabalham com tal possibilidade.

Lula começou a cumprir no sábado uma pena de 12 anos e um mês pela condenação em segunda instância no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa afirma que não há provas dos crimes imputados ao ex-presidente.

A presidente do PT também afirmou que o simpatizante do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) que provocou a deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila (PCdoB) mais cedo hoje é um policial civil. A assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná não confirmou a informação e disse que está fazendo um levantamento sobre o possível vínculo do homem com a corporação.