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PT lançará frente de esquerda no Congresso e quer usar Alckmin para denunciar seletividade

 Zanone Fraissat - 24.jan.2018/Folhapress
Imagem: Zanone Fraissat - 24.jan.2018/Folhapress

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

14/04/2018 04h00

Será lançada na próxima terça-feira (17) uma frente de esquerda no Congresso Nacional composta por parlamentares do PT, PSB, PCdoB, PSOL, PDT e setores do MDB. A finalidade é “defender a democracia”. O tema foi discutido pela cúpula do PT na tarde desta sexta-feira (13), em reunião que durou quase cinco horas no terceiro andar do prédio Diretório Nacional do partido, na região da Sé, centro de São Paulo.

Nele, o grupo criado para auxiliar a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), debateu a atual conjuntura política e do partido após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gleisi convidou para a reunião os ex-ministros petistas Celso Amorim, Luiz Dulci, Alexandre Padilha, Fernando Haddad, Gilberto Carvalho, o presidente do PT paulista e pré-candidato ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, o ex-deputado José Genoíno, o deputado federal Paulo Teixeira, além de João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), e Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única de Trabalhadores). Jaques Wagner, o ex-governador da Bahia, também foi chamado, mas não compareceu à reunião.

Um dos dirigentes presentes no encontro afirmou que existe um sentimento, não só entre os parlamentares dos partidos de esquerda, de que a prisão do ex-presidente Lula fragilizou a democracia brasileira. Segundo ele, essa frente vai aglutinar inicialmente os deputados e senadores que integram as legendas de esquerda, mas disse que existe um movimento para atrair políticos de centro.

Outra estratégia será usar o fato de o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ter dado à Justiça Eleitoral e não à força-tarefa da Lava Jato o inquérito que investiga se o agora ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu R$ 10,7 milhões da Odebrecht. O objetivo dos petistas é fortalecer a ideia de que existe uma seletividade no Judiciário brasileiro. Para o partido, a decisão da corte ocorrida dias após a prisão de Lula acabou tendo um “efeito pedagógico” na população, reforçando a ideia de parcialidade da Justiça.

“O que vai acontecer no Brasil é que ou o Supremo recupera o seu papel ou desmoraliza”, disse a fonte.

O partido também prevê uma série de mobilizações no dia 17 de abril, por causa da votação sobre as ADCs (Ações Diretas de Constitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) que podem rever entendimento da suprema corte sobre prisões após condenação em segunda instância.

Os petistas acreditam que, mais do que estratégias jurídicas, a situação do ex-presidente Lula vai depender da intensificação das mobilizações. Hoje, o PT mantém dois acampamentos de militantes, um em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba e outro em Brasília.