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Eleição ao Senado deve 'rebaixar' disputa presidencial e ter duelo de 'Suplicys'

Aécio Neves e Dilma Rousseff podem reeditar disputa, agora por vaga no Senado - Antonio Lacerda/EFE
Aécio Neves e Dilma Rousseff podem reeditar disputa, agora por vaga no Senado Imagem: Antonio Lacerda/EFE

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

16/04/2018 04h00

Se fôssemos usar a linguagem do futebol, poderíamos dizer que Minas Gerais e São Paulo terão dois clássicos estaduais nas eleições de outubro na disputa ao Senado. Em Minas, em uma divisão inferior à que estavam em 2014, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) devem reeditar a disputa vencida pela petista há três anos. Já em São Paulo, os ex-casados Marta (MDB) e Eduardo Suplicy (PT) se enfrentarão pela primeira vez.

Dilma Rousseff mudou o domicílio eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas no dia 6 com a ideia de disputar uma vaga no Senado e resgatar o seu nome após o impeachment de 2015. A candidatura de Aécio é uma incógnita, já que o senador não definiu seu destino. 

Segundo o presidente do PSDB em Minas, o deputado federal Domingos Sávio, a decisão do cargo que disputará "será tomada pelo senador em conjunto com as forças políticas com as quais governou Minas". "O PSDB apoiará qualquer que seja a decisão a ser tomada pelo senador, que ainda não a tomou", completou.

Em relação à possível candidatura de Dilma Rousseff, o deputado diz que considera "um deboche para com Minas". "Ela foi desprezada por seus correligionários do Rio Grande do Sul, será o momento de ela prestar conta aos mineiros pelo desprezo que dedicou a Minas nos seus mandatos", afirmou.

O tucano pode se transformar em réu na próxima terça-feira (17), se o STF (Supremo Tribunal Federal) aceitar o pedido da Procuradoria-Geral da República.

Procurado, o PT de Minas não se manifestou sobre a candidatura de Dilma nem sobre uma possível candidatura de Aécio.

a ex-presidente falou sobre o tema durante visita a Espanha na semana passada, onde disse que a tendência era concorrer a uma das duas vagas ao Senado do estado. "Este momento de me tornar candidata se dará em agosto apenas", disse.

No segundo turno de 2014, Dilma venceu Aécio em Minas e ainda elegeu o governador Fernando Pimentel (PT), que tentará a reeleição em 2018.

Aécio Anastasia - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
Os senadores Antonio Anastasia e Aécio Neves
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Objetivo é "colar" Anastasia em Aécio

Para o cientista político Malco Camargos, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas, Aécio não deve disputar a reeleição, mas sim uma vaga na Câmara.

Entretanto, ele afirma que a vinda de Dilma para Minas serviu como uma forma de pressionar o tucano a disputar a cadeira do Senado.

"O sentimento de decepção do mineiro a Aécio é muito grande. Ele já saiu com uma derrota na eleição passada, e de lá para cá a imagem dele não melhorou perante o eleitorado", explicou. 

"A participação da Dilma parte de uma estratégia de trazer Aécio para o jogo. É algo importante colar [Antonio] Anastasia [que deve concorrer ao governo do estado] em Aécio, e vejo que o objetivo é facilitar a reeleição de Pimentel, vinculando Anastasia ao seu padrinho", disse.

Apesar de terem disputado o cargo mais importante do país há pouco mais de três anos, Camargos afirma que tanto Dilma como Aécio não vão encontrar eleição fácil, visto o "encolhimento" dos dois no cenário político.

"São duas pessoas que disputaram o cargo mais importante da República, mas hoje não é certa a eleição de nenhum deles a um cargo menos importante. Há outros adversários que podem sair na frente dos dois", analisou.

Eduardo e Marta - Fernando Donasci/UOL - Fernando Donasci/UOL
Imagem: Fernando Donasci/UOL

Suplicy x Suplicy

No caso de São Paulo, um possível confronto terá a senadora Marta e o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy --que foram casados até 2001.

Suplicy já teve a pré-candidatura ratificada pelo PT em março, enquanto Marta ainda não tem o nome certo para concorrer à reeleição.

O vereador paulista diz que, apesar de estarem em lados opostos pela primeira vez, o clima entre ambos será de "total cordialidade".

"Terei um diálogo com maior respeito. Ela é a mãe querida de meus filhos, com quem tive uma história em comum de muita afinidade de ideias, proposições e objetivos. Temos hoje divergências, claro, mas isso não nos impedirá de ter uma campanha com toda cordialidade", disse.

Suplicy disse que pedirá o segundo voto ao Senado para o nome apoiado pelo PT. "Algumas pessoas próximas, como nossos filhos e amigos em comum, provavelmente votarão nos dois, mas eu farei a campanha para o candidato do PT ou da coligação", explicou.

Marta Suplicy foi procurada pelo UOL, mas não comentou até a publicação desta reportagem.