Não foi só Gleisi: Lula, FHC e Dilma já falaram à Al Jazeera
Um vídeo gravado pela senadora e presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann (PR) para a Al Jazeera e veiculado pela emissora na terça-feira (17) teve grande repercussão nas redes sociais e na política brasileira, com direito a troca de acusações entre senadores no Congresso. A PGR abriu um procedimento para analisar se investiga ou não as declarações, que segundo opositores do PT, teriam incitado grupos terroristas e violado a Lei de Segurança Nacional.
No vídeo, a senadora diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "um grande amigo do mundo árabe" e que, no governo petista, o comércio com a região "se multiplicou por cinco". Ela ainda diz à emissora que Lula seria um "preso político" no Brasil.
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Apesar da reação e surpresa ao vídeo gravado por Gleisi, essa não foi a primeira vez que um político brasileiro deu declarações à Al Jazeera, que é o principal canal televisivo de notícias do Oriente Médio, não tem relação com grupos terroristas e pode ser sintonizado em quatro continentes diferentes.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff --ambos do PT-- e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já conversaram com os jornalistas da emissora árabe. Os três foram ouvidos em 2016 por ocasião do agravamento da crise política brasileira e do impeachment de Dilma, aprovado pelo Congresso Nacional em agosto daquele ano.
Seis anos antes, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim exaltara as relações entre o governo Lula e o mundo árabe em entrevista à Al Jazeera.
Lula: “pode continuar prendendo que estou tranquilo”
Em entrevista concedida na sede do Instituto Lula, em São Paulo, em junho de 2016, o ex-presidente Lula comentou à Al Jazeera os movimentos do Congresso Nacional para tirar a presidente Dilma Rousseff do Palácio do Planalto e falou das denúncias do Ministério Público Federal contra ele.
A conversa aconteceu meses após Lula ter sido conduzido coercitivamente para depor em um processo da Operação Lava Jato. Ao ser questionado sobre a afirmação do procurador da República Deltan Dallagnol de que o petista seria "o comandante máximo do esquema investigado na Operação Lava Jato", Lula criticou a delação premiada e disse: “eu estou tranquilo, pode continuar prendendo gente, pode continuar fazendo mais delação. Eu estou tranquilo. Eu quero saber qual é o desfecho desse processo todo”.
Lula está preso desde o dia 7 de abril na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após o juiz federal Sergio Moro decretar que o petista iniciasse a execução da pena de 12 anos e um mês, imposta pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), pelo caso do tríplex do Guarujá (SP).
Al Jazeera questionou Dilma: "Cúmplice ou incompetente?"
A ex-presidente Dilma Rousseff se irritou com o jornalista Mehdi Hasan, do programa "UpFront", da Al Jazeera, quando ele a questionou se ela seria cúmplice do esquema de corrupção da Petrobras ou “incompetente” por não ter conhecimento dele.
Exaltada, a ex-presidente afirma que o questionamento é "um tipo de escolha de Sofia". "Há uma diferença, e há no mundo inteiro, entre um conselho e uma diretoria executiva. Nem todos os membros da diretoria sabiam que aqueles diretores da Petrobras tinham mecanismos de corrupção e estavam se enriquecendo de forma indevida", responde.
Em outra parte, Hasan questiona sobre outros membros do PT que estavam sendo julgados e condenados por corrupção, fazendo Dilma novamente se exaltar. A ex-presidente afirma que não julgará enquanto eles não forem julgados. "Não é meu papel aqui julgar ninguém".
“Você precisa se informar melhor”, diz FHC a jornalista
Em entrevista ao mesmo jornalista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso causou polêmica ao dizer que a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff veio “do povo, das massas nas ruas, não do Congresso", mas que este "pode o ter aprovado de forma oportunista".
Sob esse argumento, ele foi questionado se apoiaria o impeachment de Temer baseado na porcentagem de pessoas que gostariam de que ele saísse do poder, e FHC e o jornalista protagonizam um bate-boca.
Amorim: empresários estão felizes por negócios com árabes
Em abril de 2010, em entrevista à mesma emissora, o então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que empresários que antes criticavam o ex-presidente Lula estavam felizes com as relações entre o governo e o mundo árabe.
“No dia que chegamos no Qatar e convidamos o país para fazer parte da primeira cúpula de países árabes na América do Sul, houve empresas vendendo 500 ônibus. Talvez seja coincidência, mas às vezes o mercado segue a bandeira”, disse ao comentar as novas relações comerciais que vinham sendo estabelecidas pelo Brasil no segundo mandato do governo Lula.
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