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Lula cita "relação de amizade" e pede para receber Ciro, petistas e líderes estudantis

Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa

Do UOL, em Curitiba e São Paulo

21/04/2018 04h00

Preso desde o dia 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer receber o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, além de integrantes do PT e lideranças estudantis. Lula encaminhou na tarde desta sexta-feira (20), por meio de seus advogados, um pedido à juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela custódia do ex-presidente, em que diz que "não se opõe" a receber 10 visitantes, "registrando, adicionalmente, que deseja vê-los".

Todos eles pediram à Justiça para visitar o petista na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula cumpre pena de 12 anos e um mês pela condenação no caso do tríplex, da Operação Lava Jato. 

Segundo os defensores do ex-presidente, os pedidos de visita devem ser acatados pela magistrada por conta da "relação de amizade" entre Lula e os que querem visitá-lo, o que estaria de acordo com a legislação sobre visitas a pessoas presas.

A Lei de Execução Penal diz que um preso pode receber "visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados". 

Representantes de PT e PDT têm mantido diálogo sobre a formação de uma frente de esquerda para as eleições deste ano. No entanto, o pré-candidato do PDT disse na segunda (16) que quer visitar Lula não para falar de política, mas como "velho camarada de mais de 30 anos".

Ao contrário dos pré-candidatos a presidente do PCdoB, Manoela D'Ávila, e do PSOL, Guilherme Boulos, Ciro não esteve no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP) no início deste mês, onde Lula passou seus últimos dois dias antes de se entregar à polícia cercado por militantes e aliados. 

Além de Ciro Gomes, a defesa de Lula diz que ele também quer ser visitado pelas seguintes pessoas que pediram para vê-lo:

  • Zeca Dirceu, deputado federal (PT-PR)
  • Eduardo Suplicy, vereador pelo PT em São Paulo e ex-senador
  • Carlos Lupi, presidente do PDT
  • André Figueiredo, líder do PDT na Câmara
  • Marianna Dias, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes)
  • Pedro Gorki, presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas)
  • Luiz Marinho, ex-ministro de Lula e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo
  • Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara
  • Wadih Damous, deputado federal (PT-RJ)

Os pedidos de visitas a Lula têm sido constantes, mas nem todos têm sido aceitos pela juíza Carolina Lebbos. Na semana passada, ela deu ordem para impedir a visita de uma comitiva de nove governadores, dizendo que não havia "fundamento para a flexibilização do regime geral de visitas".

Carolina também negou uma inspeção pedida pelo ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1980. Entre outros motivos, a magistrada afirmou em sua decisão que não havia indicativo de violação de direitos de presos que justificasse a medida, nem amparo legal para tanto.

Além do pedido de inspeção, advogadas de Esquivel entraram com um pedido de visita ao ex-presidente, que ainda não foi analisado pela juíza.

A defesa de Lula já havia sinalizado que o ex-presidente desejava ver Esquivel. O pedido foi feito antes deste feito na sexta à Justiça porque o Nobel da Paz estaria por pouco tempo no país --ele embarcou no início da tarde desta sexta de volta a Buenos Aires.

Até o momento, Lula já recebeu visitas de parentes por duas vezes, na semana passada e nesta. O ex-presidente recebe seus advogados diariamente. Na terça (17), o ex-presidente foi visitado por 11 integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, que fizeram uma vistoria na Superintendência da PF em Curitiba.