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Vídeos de câmeras de segurança mostram tiros contra acampamento pró-Lula em Curitiba

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

28/04/2018 18h48

Dois vídeos gravados por câmeras de segurança captaram o momento em que uma pessoa dispara tiros, na madrugada deste sábado (28), em direção ao acampamento montado em Curitiba por apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) --que está preso na cidade. O ataque deixou duas pessoas feridas, e uma delas está internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital da capital paranaense.

Os vídeos foram divulgados à imprensa pela Sesp-PR (Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná). Nas duas gravações, por diferentes ângulos, é possível ver o atirador caminhando pela rua Padre João Wislinski por volta das 4h deste sábado em direção ao acampamento, que fica na mesma rua. Pouco depois, o atirador corre na direção contrária. Em seguida, vira-se para a frente novamente e começa a andar de costas com a arma em punho.

A partir deste momento, uma das gravações, que capta o atirador de um ângulo lateral, mostra que ele dá um tiro. O outro vídeo, um pouco mais distante e de um ângulo quase frontal, registrou dois disparos efetuados pela pessoa filmada. 

De acordo com o delegado titular da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Curitiba, Fábio Amaro, o suspeito chegou em um sedã preto e foi caminhando até o acampamento. Depois de atirar, fugiu. A Polícia Militar determinou o reforço de policiamento no local. 

A DHPP pede que quem tenha informações sobre o caso ligue no telefone 0800-643-1121. A ligação é gratuita e anônima.

Em nota, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse que "o ataque é mais um episódio de violência política contra a democracia". Segundo ela, existe uma suposta "omissão conivente" das autoridades e da imprensa "ante a barbárie crescente". 

Há um mês, um dos ônibus da caravana de Lula pelo Sul do país foi alvo de dois tiros também no Paraná, no trajeto entre as cidades de Quedas de Iguaçu e Laranjeiras do Sul. A autoria do crime ainda é desconhecida.

28.abr.2018 - Vídeos de câmeras de segurança mostram tiros contra acampamento pró-Lula em Curitiba - Divulgação/Sesp-PR - Divulgação/Sesp-PR
Imagem de outra câmera de segurança mostra atirador por outro ângulo
Imagem: Divulgação/Sesp-PR

Prefeitura pede transferência de Lula

Após o ataque contra o acampamento, a Prefeitura de Curitiba reiterou neste sábado (28) à Justiça Federal seu pedido para que Lula seja transferido de prisão. O ex-presidente cumpre pena desde o dia 7 no prédio da Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense.

No documento, a PGM (Procuradoria-Geral do Município) menciona o ataque e a manifestação feita por integrantes do acampamento após o ocorrido --os militantes fecharam uma rua com uma barreira de pneus queimados, afetando a circulação das linhas alimentadoras do terminal de ônibus Santa Cândida, bairro onde ficam o acampamento e o prédio da PF. 

As procuradoras Vanessa Volpi Bellegard Palacios e Claudine Camargo dizem que o ataque a tiros "comprova o acirramento da situação no local, causando risco à integridade dos cidadãos e demonstra, mais uma vez, que a sede da Polícia Federal não se revela local adequado para a prisão do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, razão pela qual reitera-se o pedido de transferência do mesmo".

Segundo o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), "o local oferece risco, transtorno à população, aos funcionários da própria PF e atrapalha a rotina de prestação de serviços aos brasileiros que precisam da emissão de passaportes".

A decisão sobre a transferência caberá à juíza federal Carolina Lebbos, responsável pelo processo da execução da pena de Lula. Procurada pelo UOL, a defesa do ex-presidente ainda não se manifestou.

A Prefeitura de Curitiba já havia pedido a transferência de Lula no dia 13, defendendo o restabelecimento da "ordem, o direito de ir e vir e a segurança da população". O documento dizia ainda que a sede da PF "não possui estrutura para custodiar um ex-presidente da República" por ficar em um bairro residencial.

A PGM também afirmou no primeiro que o acampamento montado por apoiadores do ex-presidente no bairro estava causando "muitos transtornos aos moradores, ao trânsito e ao comércio da região" e representaria um descumprimento de uma ordem judicial que proibiu a montagem de acampamentos na cidade sem autorização prévia da prefeitura.