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Pessoas vão até portão do sítio de Atibaia só para xingar, diz testemunha de ação contra Lula

Vista aérea do sítio de Atibaia (SP), atribuído ao ex-presidente Lula - 5.fev.2016 - Jorge Araujo/Folhapress
Vista aérea do sítio de Atibaia (SP), atribuído ao ex-presidente Lula Imagem: 5.fev.2016 - Jorge Araujo/Folhapress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

11/05/2018 19h19Atualizada em 11/05/2018 19h19

Atribuído pela Lava Jato ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o sítio de Atibaia (SP), a cerca de 66 quilômetros da capital paulista, tem atraído pessoas que vão até o portão da propriedade para fazer xingamentos e gritar palavras de ordem contra o petista.

Quem conta é de Fernando Gomes de Moraes, que depôs ao juiz federal Sergio Moro nesta sexta (11). Ele foi arrolado como testemunha de defesa do empresário Fernando Bittar, um dos proprietários do sítio e sócio de um dos filhos do ex-presidente.

“É uma estradinha que dá acesso ao portão, que não dá para o carro manobrar, tem que botar de ré. Então as pessoas ficam às vezes com quatro, cinco carros na frente, tirando foto, xingando, falando palavra de ordem”, disse Moraes, que afirmou ser amigo de Bittar “há mais de 20 anos”.

Ele não explicitou quais são os xingamentos feitos pelas pessoas que vão até o portão. Mas, segundo ele, o “ambiente hostil” nos arredores do sítio depois da denúncia contra Lula fez com que Bittar se sentisse “muito incomodado” em frequentar o local. O empresário teria passado a pedir, então, para que amigos começassem a ir ao sítio, para que ele não ficasse vazio.

“Por essa situação que ele vem passando, ele falou para mim que se eu quisesse frequentar, por enquanto, com as meninas [suas filhas]... Então eu, minha esposa, minhas filhas, já estivemos lá umas quatro vezes desde o ano passado para cá”, afirmou.

Moraes disse que nunca foi ao sítio acompanhado de Bittar e que nunca viu nenhuma pessoa da família de Lula no local. Ele afirmou, no entanto, que o empresário costumava convidar sua família para visitar o sítio antes de 2016 –quando vieram a público as investigações sobre o sítio.

Moraes disse ainda que não ia ao sítio antes por “questão de agenda”, pois viajava muito, e porque não tinha tanta “intimidade” com a família Silva.

Isso porque, segundo ele, em alguns dos convites, Bittar dizia que a família de Lula estarava no local. Porém, “não foram todas as vezes que ele [Bittar] citou que a família Silva estaria lá”, afirmou Moraes.

Além dele, foram ouvidas por Moro outras 4 testemunhas no caso do sítio nesta sexta: João de Souza Moraes Neto, Nelson Cayres, Wanderley de Almeida, e Roberto Simões, que disseram ser amigos de longa data de Bittar.

Entenda o caso

A ação do sítio em Atibaia faz parte da terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobras.

Lula está preso desde o dia 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ele cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do tríplex de Guarujá (SP).

A denúncia inclui ao todo 13 acusados-- entre eles, executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, como o advogado Roberto Teixeira. A defesa do ex-presidente afirma que Lula nunca recebeu ou solicitou qualquer benefício, favorecimento ou vantagem indevida de qualquer empresa.

O imóvel foi comprado no final de 2010, quando Lula deixava a Presidência, e está registrado em nome de dois sócios dos filhos dele: Bittar, filho do amigo e ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar, e Jonas Suassuna. A Lava Jato sustenta que o sítio é de Lula. O ex-presidente nega as acusações.