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'Havia separação entre partido e governo', diz Rui Falcão a Moro em ação sobre sítio de Atibaia

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

18/06/2018 13h09

O ex-presidente do PT Rui Falcão negou, nesta segunda-feira (18), que o partido negociava nomeações em posições da administração federal em troca de favores. “É sempre importante ressaltar que nós sempre fizemos uma separação muito clara entre partido e governo, partido e Estado. Portanto, não havia esse tipo de envolvimento no PT”, disse em depoimento ao juiz federal Sergio Moro no processo do sítio de Atibaia (SP), em que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é réu.

Falcão fez a afirmação ao responder a um questionamento da defesa de Lula, que também perguntou sobre o conhecimento do político sobre favorecimento a empresas, compra de apoio parlamentar e recebimento de valores ilícitos, como aponta a denúncia do MPF (Ministério Público Federal). O ex-líder do PT também refutou as hipóteses.

“Nunca tomei conhecimento disso e não creio que isso tenha ocorrido porque não era da nossa prática, do PT, comprar apoios ou praticar atos ilícitos”, disse Falcão, que comandou o partido entre 2011 e 2017 (governos da ex-presidente Dilma Rousseff).

O processo avalia se se o ex-presidente recebeu cerca de R$ 1 milhão das empresas Odebrecht, OAS e Schahin por meio de obras feitas no sítio, que era frequentado por ele e sua família. O MPF diz que a propriedade, registrada em nome de outras pessoas, pertence, na verdade, ao ex-presidente. A defesa nega.

Falcão diz a Moro que havia separação entre PT e governo

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Durante o depoimento, que durou cerca de sete minutos, houve um ligeiro desentendimento entre Falcão e Moro. O juiz considerou como propaganda política a resposta do político a respeito de sua relação com Lula.

O ex-presidente do PT havia avaliado que, politicamente, está “muito preocupado com o processo de perseguição” contra Lula, cujo objetivo seria evitar que ele dispute a eleição ao Planalto em outubro.

Moro esperou Falcão terminar de falar e pediu para que a resposta ficasse restrita à pergunta feita pela defesa de Lula sobre a relação entre os dois. "Não é propaganda política aqui, seu Rui. Não é momento de o senhor ficar fazendo isso".

Falcão negou que estivesse fazendo propaganda. "Respondi à pergunta que ele me fez, doutor Moro".

Condenado em segunda instância, o petista caiu na lei da Ficha Limpa, o que deve fazer com que sua candidatura seja negada. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deverá dar uma resposta sobre a situação em setembro, após o registro da candidatura. Atualmente, o ex-presidente lidera as pesquisas de intenção de voto em que aparece como candidato.

Lula está preso desde 7 abril em Curitiba, mas, em registrando sua candidatura em 15 de agosto, poderá fazer campanha política enquanto sua situação não for analisada pelo TSE.

Lula aparece na liderança em pesquisa do Datafolha

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