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Ministro do Trabalho é afastado em operação da PF por suspeita em fraude; deputado também é alvo

O ministro Helton Yomura prestou depoimento na PF em Brasília nesta quinta - Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro Helton Yomura prestou depoimento na PF em Brasília nesta quinta Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Nathan Lopes

Do UOL*, em São Paulo

05/07/2018 07h13Atualizada em 05/07/2018 19h53

O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Edson Fachin, suspendeu de suas funções o ministro do Trabalho, Helton Yomura. Ele é um dos alvos da 3ª fase da Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal, que tem como objetivo aprofundar as investigações a respeito de organização criminosa que atua na concessão fraudulenta de registros sindicais no Ministério do Trabalho.

De acordo com a PF, as investigações nas outras fases --em maio e junho-- levaram à descoberta da participação de mais pessoas nos esquemas. Elas apontam que "importantes cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas praticadas na pasta", diz a polícia. O deputado federal Nelson Marquezelli, vice-líder do PTB, também é investigado. 

Yomura é apadrinhado político do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e de sua filha, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ). Pai e filha foram alvos das primeiras fases da Registro Espúrio. 

O ministro esteve na sede da PF em Brasília por volta das 11h para prestar depoimento.

Em nota, a defesa de Yomura disse que ele "adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar a exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação". 

Seus advogados pretendem recorrer ao STF para que derrubar o afastamento do ministro de suas funções. "Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton  Yomura, mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade", disseram os defensores do ministro.

Procurado, o Palácio do Planalto disse que não irá comentar a operação e o afastamento do ministro.

A PGR (Procuradoria Geral da República), que também participa da operação, disse que os "investigados utilizam rotineiramente os cargos para viabilizar a atuação da organização criminosa e para solicitar tratamento privilegiado a processos de registros sindicais".

O ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do cargo por decisão do STF - José Cruz - 3.mar.2018/Agência Brasil - José Cruz - 3.mar.2018/Agência Brasil
O ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do cargo por decisão do STF
Imagem: José Cruz - 3.mar.2018/Agência Brasil

Parlamentar é alvo

A PF também cumpre mandado de busca e apreensão no gabinete do deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP) .

Na Câmara, o deputado disse, nesta quinta-feira, que não tem nada a temer. “Sou vice-líder do PTB. O PTB hoje administra o ministério do Trabalho. Houve denúncias, várias denúncias. E policial me informa que todos os deputados do PTB serão investigados, seus gabinetes, para ver se tem alguma ligação com concessão de registros sindicais”.

Fachin expediu três mandados de prisão temporária --com duração de até cinco dias-- e outros dez de busca e apreensão, que são cumpridos em Brasília e no Rio de Janeiro. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", o chefe de gabinete do ministro do Trabalho, Júlio de Souza Bernardes, teve a prisão temporária decretada, assim como o superintendente do ministério no Rio de Janeiro, Adriano José Lima Bernardo. Jonas Antunes Lima, assessor de Marquezelli, também é alvo de mandado de prisão.

Além dos mandados, o Supremo determinou a suspensão do exercício do cargo para os investigados. 

Os alvos da operação ficarão proibidos de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais investigados ou servidores da pasta. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria Geral da República) e pela PF.

(Com Estadão Conteúdo)

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