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Bispo vereador cita Marielle ao defender rejeição a impeachment de Crivella

12.julho.2018 - Apoiadores e críticos de Crivella ocupam as galerias da Câmara do Rio - Hanrrikson de Andrade/UOL
12.julho.2018 - Apoiadores e críticos de Crivella ocupam as galerias da Câmara do Rio Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

12/07/2018 16h10Atualizada em 12/07/2018 17h39

O bispo Inaldo Silva (PRB), colega de partido de Marcelo Crivella, citou a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada a tiros em março deste ano, ao defender na Câmara Municipal, nesta quinta-feira (12), a rejeição à admissibilidade do processo de impeachment do prefeito.

Os parlamentes votam hoje se há indícios que dão fundamento a uma eventual investigação dos fatos que ocorreram em uma reunião fechada no Palácio da Cidade, sede do governo, na semana passada. Na ocasião, Crivella ofereceu facilidades a um grupo de 250 evangélicos.

Para analisar os pedidos de cassação de mandato, os vereadores fizeram uma pausa no recesso e realizam, nesta tarde, uma conturbada sessão extraordinária. Nas galerias da Casa, manifestantes favoráveis e contrários ao prefeito gritam palavras de ordem e, a todo momento, interrompem os discursos dos políticos. Do lado de hora, já houve registro de bate-bocas e agressões físicas entre os que se aglomeram no entorno do Palácio Pedro Ernesto, no centro da cidade.

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Parte das galerias reagiu de maneira furiosa quando Inaldo mencionou o nome da vereadora do PSOL. Ele disse "sentir saudade da Marielle" e argumentou que, em sua visão, ela demonstrava bom senso e capacidade de diálogo, ainda que na oposição. Seria, de acordo com o parlamentar, uma postura diferente em relação aos colegas de partido que hoje pedem o impeachment do prefeito.

"A Marielle conseguia entender, conseguia separar. Estou com saudade dela", declarou.

Em seguida, o psolista David Miranda, que era amigo pessoal de Marielle, também fez referência à vereadora. Ao se dirigir à tribuna, ele lembrou que já se passaram 120 dias dos assassinatos da colega de partido e que, até hoje, a Polícia Civil fluminense não identificou o mandante e os autores do crime.

Assim como Crivella, Inaldo também é bispo da Igreja Universal. Ele declarou que a instituição completará 41 anos sem nunca ter solicitado apoio político para se expandir. "Está em 180 países sem precisar de um governo, um prefeito, um presidente. Somente através da sua fé."

Na versão dele, a oposição ao prefeito na Câmara tem "ódio contra os evangélicos". Esse é o mesmo discurso apresentado por Crivella ao se defender dos fatos que ocorreram na reunião no Palácio da Cidade e que foram revelados por meio de reportagem do jornal "O Globo", na quinta-feira passada (5).

Tarcísio Motta (PSOL), um dos líderes do bloco de oposição, afirmou que o pedido de impeachment "não se trata de questão de preconceito religioso", e sim de "igualdade de direitos". Na versão dele, o "estado laico" é a única forma de estabelecer respeito a todas as religiões e crenças na gestão pública.

"Esse é o momento em que, no uso da função pública, o gestor não beneficia e não prejudica nenhuma religião."

Entenda o que motivou os pedidos de impeachment de Crivella

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