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Barroso prorroga inquérito dos Portos contra Temer por mais 15 dias

22.mai.2018 - O presidente Michel Temer participou da 21ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios - Marcos Corrêa/PR
22.mai.2018 - O presidente Michel Temer participou da 21ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios Imagem: Marcos Corrêa/PR

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

18/09/2018 17h30Atualizada em 18/09/2018 17h38

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso decidiu atender o pedido da Polícia Federal e prorrogou por mais 15 dias o prazo para a conclusão das investigações no chamado inquérito dos portos, que apura suspeitas de recebimento de propina pelo presidente Michel Temer (MDB) de empresas do setor portuário.

O prazo deverá ser contado do dia em que a Polícia Federal fez o pedido de prorrogação, no dia 10 deste mês.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia dado parecer concordando com o pedido da PF.

Um dos focos da investigação é um decreto sobre o setor portuário editado no governo Temer.

As suspeitas contra Temer foram levantadas a partir da delação da JBS. O inquérito no STF foi aberto em setembro do ano passado.

O presidente tem negado a prática de qualquer irregularidade.

O decreto dos Portos aumentou o prazo dos contratos de concessão de áreas portuárias de 25 para 35 anos, podendo ser prorrogado até 70 anos. Isso beneficiaria as atuais empresas concessionárias. Por isso, a PF investiga, desde setembro de 2017, se a empresa Rodrimar pagou propina a Temer para ser beneficiada.

Desde a abertura do inquérito, o Palácio do Planalto afirma que o decreto havia sido assinado após "longo processo de negociação" entre o governo e o setor portuário e que Temer prestaria todos os esclarecimentos necessários.

À PF, no início deste ano, Temer afirmou que a Rodrimar não foi beneficiada com o decreto "conforme demonstram os documentos do Ministério dos Transportes constantes dos autos de investigação e complementados pelos que estão sendo feitos em separado, por petição", disse.

Em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, o operador financeiro Lúcio Funaro contou à PF que José Yunes seria um dos operadores de propinas do presidente Michel Temer. Ele nega. Funaro disse também que tem conhecimento de que Temer influenciou diretamente os termos dos Portos para favorecer a Rodrimar.

Em dezembro de 2016, Yunes pediu demissão do cargo de assessor de Temer após ser acusado, em delação do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, de receber recursos em seu escritório de advocacia em 2014. À época, afirmou: "vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço com quem nunca travei o mínimo relacionamento".

Também é mencionado o coronel João Baptista Lima Filho, aposentado da PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) e próximo do presidente desde os anos 1980.