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Com Moro ministro, defesa de Lula reforça tese de perseguição política

Lula e Moro durante interrogatório em setembro de 2017 - Reprodução
Lula e Moro durante interrogatório em setembro de 2017 Imagem: Reprodução

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

01/11/2018 15h26Atualizada em 01/11/2018 15h26

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (1º) que a escolha do juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça no futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) prova que o petista foi condenado e preso para ficar fora da política.

"A formalização do ingresso do juiz Sergio Moro na política e a revelação de conversas por ele mantidas durante a campanha presidencial com a cúpula da campanha do presidente eleito provam definitivamente o que sempre afirmamos em recursos apresentados aos tribunais brasileiros e também ao Comitê de Direitos Humanos da ONU: Lula foi processado, condenado e encarcerado sem que tenha cometido crime, com o claro objetivo de interditá-lo politicamente", disse o advogado Cristiano Zanin Martins em nota enviada à imprensa. 

Segundo Zanin, "Lula sofre uma intensa perseguição política por meio do abuso e do mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos". O advogado afirmou que a defesa do ex-presidente "tomará as medidas cabíveis no plano nacional e internacional para reforçar o direito de Lula a um julgamento justo, imparcial e independente".

A defesa de Lula já entrou com uma série de recursos, em várias instâncias, para afastar Moro da condução de processos em que o ex-presidente é réu. Os advogados costumam afirmar que o magistrado é parcial. Entre os motivos citados em alguns destes recursos estão a ordem de condução coercitiva de Lula, em março de 2016, para prestar depoimento à Polícia Federal; e a divulgação da gravação da conversa telefônica entre Lula e Dilma sobre a eventual posse do ex-presidente como ministro da Casa Civil, também em 2016. A Justiça nunca aceitou nenhum desses pedidos.

Lula foi condenado por Moro no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, em 2017. A condenação foi confirmada em segunda instância, o que levou o ex-presidente para a cadeia e o tornou inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa. O petista cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Mesmo assim, o PT lançou Lula como seu candidato a presidente. Até ter sua candidatura vetada pela Justiça Eleitoral, Lula liderava as pesquisas de intenção de voto com folga. Ele foi substituído por Fernando Haddad, que perdeu para Bolsonaro no segundo turno.

Moro ainda julgaria mais dois processos em que Lula é réu. Em um deles, o ex-presidente é acusado de ter recebido propina da Odebrecht na forma de um terreno para o Instituto Lula -- que nunca ocupou o local -- e um apartamento usado pela família do petista em São Bernardo do Campo (SP). No outro, Lula responde por ser o suposto beneficiário de reformas feitas por empreiteiras em um sítio de Atibaia (SP). Os casos serão assumidos interinamente pela juíza substituta Gabriela Hardt.