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Bolsonaro agradece a Deus e cita "novo tempo" sem "manipulação ideológica"

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

10/12/2018 17h47Atualizada em 10/12/2018 22h41

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira (10) que o Brasil vivencia um “novo tempo” e que as eleições revelaram uma “realidade distinta das práticas do passado”.

“O poder popular não precisa mais de intermediação”, afirmou, mencionando que as novas tecnologias permitiram uma relação “direta” entre o eleitor e seus representantes. A campanha do presidente eleito foi feita majoritariamente através das redes sociais.

“Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam a nossa Constituição", disse.

Diferenças são inerentes a uma sociedade múltipla e complexa como a nossa. Mas jamais devemos nos afastar dos ideais que nos unem: o amor a pátria e o compromisso com a construção de um futuro de paz e de um presente mais próspero
Presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL)

O discurso de Bolsonaro aconteceu após sua cerimônia de diplomação, realizada nesta tarde pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ao chegar ao local, Bolsonaro prestou continência aos presentes e foi recebido por gritos de "mito".

O ato da diplomação é protocolar e permite que os eleitos tomem posse no cargo. Além de Bolsonaro, também foi diplomado o seu vice, o general Hamilton Mourão (PRTB).

Em sua fala após ser diplomado, Bolsonaro fez menções a sua família, a Deus e a seus eleitores. "Quero agradecer a Deus por estar vivo, e também agradecer a Deus por essa missão à frente do Executivo. Tenho certeza que, ao lado dele, venceremos os obstáculos", disse.

“Agradeço com carinho à minha família, minha mãe Olinda, ainda viva com 91 anos de idade, minha esposa Michele, meus filhos Flávio, Carlos, Eduardo, Renan, e minha querida filha Laura”, afirmou, sorrindo. Em seguida, Bolsonaro acenou em direção a seus familiares.

O presidente eleito também agradeceu a Justiça Eleitoral por ter realizado, em outubro, eleições “livres e justas”.

“A cada um de vocês, integrantes do TSE, dos tribunais regionais eleitorais, das Forças Armadas, mesários e voluntários e tantos outros cidadãos que participaram das eleições, expresso meu muito obrigado e meu reconhecimento por essa demonstração de civismo e de amor ao Brasil”, declarou.

Ao longo da campanha, no entanto, Bolsonaro lançou suspeitas sobre possíveis fraudes no sistema de urnas eletrônicas. Em setembro, ele declarou que, sem a obrigatoriedade do voto impresso, haveria chance de fraude nas eleições. “A grande preocupação não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta", disse o então candidato.

Dias Toffoli, presidente do STF, rebateu a declaração de Bolsonaro e afirmou que as urnas são confiáveis. "Digo apenas e tão somente que ele [Bolsonaro] sempre foi eleito através da urna eletrônica", afirmou o ministro, fazendo referência aos mandatos de Bolsonaro como vereador e deputado federal. "Tem gente que acredita em saci pererê", acrescentou Toffoli.

"Não mais manipulação ideológica"

O presidente eleito ainda pediu a “confiança” daqueles que não votaram nele e afirmou que irá governar “em benefício de todos, sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”.

"Com humildade, coragem, fé e perseverança, e tendo fé em Deus para iluminar minhas decisões, me dedicarei dia e noite ao objetivo que nos une: a construção de um Brasil próspero, justo, seguro, e que ocupe o lugar que lhe cabe entre as grandes nações do mundo", afirmou.

Bolsonaro ainda disse que as eleições no Brasil, "uma das maiores democracias do mundo", foram um "exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível". "Esse processo é irreversível. Nosso compromisso com a soberania do voto popular é inquebrantável", disse.

Em seguida, Bolsonaro repetiu bandeiras de sua época de campanha, e que chamou de "práticas que historicamente retardaram nosso progresso". “Não mais à corrupção, não mais à violência, não mais às mentiras, não mais à manipulação ideológica”, disse, afirmando que seu “dever” é transformar “anseios históricos” da população brasileira, como segurança pública, combate ao crime e respeito ao mérito, em realidade.

Nossa obrigação é garantir que os brasileiros retornem ao seu lar em segurança após um dia de trabalho
Jair Bolsonaro

Bolsonaro então afirmou ter "plena consciência" dos desafios que irá enfrentar, declarando que irá trabalhar para que "daqui a quatro anos possamos olhar para trás com orgulho".

O presidente eleito encerrou seu discurso dizendo que "com o apoio e engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro”. "Vamos resgatar o orgulho pelas cores da nossa bandeira e pela força do nosso hino, porque temos a certeza de que esse país tem como destino a prosperidade e a paz", completou. 

“O Brasil deve estar acima de tudo. Que Deus abençoe nosso país e a todos nós brasileiros. Meu muito obrigado a todos”, afirmou, encerrando seu pronunciamento.

Bolsonaro havia anunciado que falaria com a imprensa após a diplomação. O pronunciamento, no entanto, foi cancelado.

Bolsonaro se emociona durante execução do Hino Nacional

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