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Haddad: Bolsonaro diplomado no dia dos Direitos Humanos é "trágica ironia"

Theo Marques/Estadão Conteúdi
Imagem: Theo Marques/Estadão Conteúdi

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

10/12/2018 22h34

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que foi candidato do PT à Presidência da República nas eleições desse ano, disse ser uma “trágica ironia”, um “paradoxo”, o fato de o seu rival no segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL), ser diplomado como presidente da República pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos.

“É uma trágica ironia que nós, no dia de hoje, comemoramos 70 anos da declaração nos Direitos Humanos no mesmo momento, no mesmo dia, em que é diplomado Jair Bolsonaro [como] presidente da República Federativa do Brasil”, disse Haddad na noite desta segunda-feira (10) para uma plateia reunida no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, em evento intitulado Jornada Nacional Lula Livre. Houve vaias à menção de Bolsonaro.

O petista disse que “talvez não tenha paradoxo maior” do que uma pessoa que, segundo ele, repudia os direitos conquistados ao longo das últimas décadas ser homenageada justamente neste dia em que se celebra essa conquista.

Se tem uma pessoa que representa o repúdio a tudo o que foi construído no pós-Guerra em proveito das mulheres, dos negros, dos trabalhadores, das minorias, nas maiorias politicamente reprimidas essa pessoa é o presidente diplomado hoje
Fernando Haddad (PT)

Haddad disse que “infelizmente” governará o país uma pessoa que, segundo ele, desconhece a história de luta do povo. “Todas essas gerações de direitos encontram-se nesse momento ameaçadas por uma equipe que desconhece essas lutas, ameaça movimento social, os direitos políticos da oposição, os direitos sociais dos que lutam por saúde pública, por educação laica”, disse.

Defesa a Lula

Apesar de ter disputado o segundo turno com Bolsonaro, Haddad disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso desde 7 de abril deste ano, era quem deveria ter sido diplomado pela terceira vez nesta segunda-feira e repetiu que Lula foi impedido de participar dessas eleições, vítima de um julgamento injusto.

“Hoje defender os diretos humanos é lembrar que neste dia Lula estaria sendo diplomado pela terceira vez presidente da República Federativa do Brasil”, disse. Haddad afirmou ainda que a bandeira pela liberdade de Lula se “insere nas comemorações da declaração de direitos humanos”

“Do nosso ponto de vista, a bandeira da liberdade do Lula se insere exatamente nesse contexto, em que a luta por um julgamento justo, pelo amplo direito de defesa, a luta por não ser aprisionado sem trânsito em julgado por uma sentença condenatória, é a luta que representa gerações e gerações de democratas. Portanto, Lula livre é bandeira que se insere nas comemorações da declaração de direitos humanos”, afirmou.

Por fim, Haddad leu para os presentes uma carta enviada por Lula, na qual o ex-presidente saúda exalta os direitos conquistados e a luta dos que morreram lutando pelos direitos humanos, citando Martin Luther King, Nelson Mandela, Marielle Franco, entre outros “mártires perseguidos e ameaçados”.

Lula falou dos dois líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) assassinados a tiros na Paraíba e disse ter certeza que a luta pelos direitos humanos continuará apesar dos discursos do ódio e da violência.