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Ceviche e uísque: assessoria divulga perfil com "amenidades" sobre Mourão

JÚNIA GARRIDO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: JÚNIA GARRIDO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em Brasília

17/12/2018 16h28

Antônio Hamilton Mourão Martins nasceu em Porto Alegre (RS), no dia 15 de agosto de 1953, tem 65 anos de idade, é casado e tem dois filhos --Renata e Antônio. Os dados biográficos do vice-presidente eleito do Brasil, que é general da reserva do Exército, já eram de conhecimento público, ou seriam facilmente obtidos em pesquisas na internet.

Nesta segunda-feira (17), no entanto, a assessoria do militar que dividiu a chapa com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), divulgou à imprensa um perfil com outras informações menos acessíveis sobre Mourão, entre elas hobbies e "amenidades".

A assessoria do general --e também do PRTB, seu partido-- revelou, por exemplo, que ele "pratica musculação e corrida, geralmente três vezes por semana" e "cumpre percursos de 10 km em 1h10". O militar já informou que malhava em uma das unidades de uma famosa rede de academias em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Outras amenidades elencadas no perfil desnudam o lado boêmio do futuro vice-presidente. "Aos finais de semana, é o típico carioca [apesar de ser porto-alegrense]: reúne-se com amigos para esportes, "resenhas" e uma "cervejinha". Quando pode, arrisca-se na cozinha e saboreia um uísque".

Os passatempos prediletos de Mourão, segundo sua assessoria, são equitação, vôlei e livros. Para comer, os pratos preferidos vêm quase exclusivamente do mar: bacalhau e ceviche --iguaria da culinária peruana baseada em peixe branco cru marinado em suco de limão, lima ou outro cítrico.

Ainda de acordo com o perfil, o general é católico e seu time de futebol é o Flamengo. No Rio, Bolsonaro diz torcer para o Botafogo. A assessoria também informou que ele é filho do "general de divisão do exército" Antonio Hamilton Mourão e de Wanda Coronel Martins Mourão, "ambos amazonenses e de origem indígena".

perfil mourão - Divulgação - Divulgação
Perfil do general Mourão divulgado por sua assessoria de imprensa
Imagem: Divulgação

No sistema de divulgação de candidaturas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o então candidato "General Mourão" preencheu sua cor/raça como indígena. A um dia do primeiro turno das eleições, ele causou polêmica ao elogiar um neto que o aguardava no Aeroporto de Brasília. "Meu neto é um cara bonito, viu ali. Branqueamento da raça", afirmou a jornalistas, dando uma gargalhada.

O material, enviado para servir de apoio à cobertura da posse presidencial, no dia 1º de janeiro, conta ainda com uma linha do tempo atualizada, que começa em 1953 e tem 11 paradas até chegar à eleição deste ano.

Dentre as "curiosidades militares", está o fato de que Mourão serviu o Exército por 46 anos --passando à reserva remunerada no fim de fevereiro deste ano. Ele ingressou na Força Armada em 1972, na Aman (Academia das Agulhas Negras), no Rio de Janeiro. Cinco anos depois, esta foi a mesma porta de entrada do presidente eleito, que entrou para a reserva como capitão. Durante a formação, fez cursos de paraquedismo, mestre de salto e salto livre, e esteve à frente de diversos órgãos do Exército. 

O texto conclui, sem especificar o motivo, que "o apelido 'faca na caveira' é comumente atribuído por colegas militares aos que gostam de ação, de estar no comando das operações".

Mourão já afirmou em entrevistas que não seria um "vice decorativo", expressão usada pelo então vice-presidente Michel Temer (MDB) em carta enviada à então presidente Dilma Rousseff (PT), cinco dias depois de o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), autorizar a abertura de processo de impeachment contra a petista.