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Após encontrar Bolsonaro, presidente português prega pragmatismo em acordos

Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que encontrou o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto - Luciana Amaral/UOL
Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que encontrou o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto Imagem: Luciana Amaral/UOL

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

02/01/2019 12h05Atualizada em 02/01/2019 22h50

Após visita ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) nesta quarta-feira (2), o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o pragmatismo deve conduzir a política externa em negociações. A declaração foi dada ao ser questionado se o par brasileiro demonstrava interesse na discussão para se firmar acordo entre União Europeia e Mercosul (Mercado Comum do Sul) e pelo fato de Bolsonaro ter enfatizado durante a campanha preferência por acordos bilaterais.

"A posição portuguesa é a seguinte: independentemente das linhas da política externa de cada país, o pragmatismo obriga a que se tenha presente o que é útil, a ver além das relações bilaterais, também instrumentos de acordos multilaterais que, mesmo sem conteúdo ideológico, mesmo sem anteparo doutrinário, possam facilitar as exportações, o comércio, a circulação econômica e financeira. E, nesse plano, o pragmatismo é importante nas relações entre países", declarou. 

Rebelo de Sousa ressaltou que Portugal está "terminantemente fazendo o que pode para que [o acordo] seja fechado" e disse que a questão é "muito importante para as duas partes".

O presidente português foi a segunda autoridade estrangeira a ser recebida por Bolsonaro no Palácio do Planalto um dia após sua posse. Mais cedo, Bolsonaro participou de solenidade de transmissão de cargo dos quatro ministros que trabalharão no palácio - Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência), general Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) - e recepcionou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo.

O presidente de Portugal classificou a reunião como "entre irmãos" e brincou que, como tal, "o que há a dizer se diz rápido". Ele disse haver uma empatia natural entre os povos português e brasileiro que facilita o entendimento da mensagem. No entanto, negou que tenha dado conselhos a Bolsonaro, que inicia o mandato.

"Não. Um chefe de Estado nunca dá conselhos a outro chefe de Estado. Cada um faz o seu percurso. E não esqueçamos que, no caso do presidente Bolsonaro, ele é presidente do Brasil, que é uma potência, com uma presença no mundo, com uma dimensão populacional, econômica, política e estratégica essencial", falou.

Outros pontos tratados no encontro, segundo Rebelo de Sousa, foram a equivalência de diplomas e certificações profissionais; turismo; cooperação militar; cooperação bilateral econômica; comunidade brasileira em Portugal; e os portugueses que vivem no Brasil - de perfil mais jovem do que as que vieram anteriormente ao país, informou.

Questionado se trataram sobre o número crescente de brasileiros informais em Portugal, o presidente português evitou responder diretamente, mas disse que, quando se trata da comunidade de países de língua portuguesa, "naturalmente se fala em questões que decorrem da mobilidade".

Em relação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Rebelo de Souza afirmou que a aposta do Brasil na organização é essencial para que esta seja forte. Ele citou, por exemplo, que o Brasil tem capacidade de dialogar de forma contundente com China e Índia e é uma potência dentro do continente americano.

Uma visita oficial de Bolsonaro a Portugal pode ocorrer ao final de 2019 ou início de 2020, informou, mas a data ainda será marcada pelos ministros das Relações Exteriores de ambos os países.