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Sítio: juíza cita e-mails, notas e itens pessoais como provas contra Lula

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

06/02/2019 22h05

Uma série de e-mails entregues por Marcelo Odebrecht está entre os principais elementos levados em conta como provas pela juíza Gabriela Hardt, da Justiça Federal do Paraná, para condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo sobre as reformas do sítio de Atibaia (SP). Leia a íntegra da sentença.

Preso desde abril por conta do caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula foi condenado nesta quarta-feira (6) a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação do sítio. Sua defesa vai recorrer da sentença e afirma que a Justiça desconsiderou provas da inocência do ex-presidente.

Em março do ano passado, o ex-presidente do Grupo Odebrecht entregou à Justiça uma série de e-mails que mostrariam que a empreiteira pagou despesas de Lula -- entre elas, reformas no sítio de Atibaia. As mensagens indicariam, segundo a juíza, a "relação espúria mantida entre Odebrecht e o Partido dos Trabalhadores".

Na sentença, a magistrada cita um e-mail em que Odebrecht diz que só "Italiano" e "amigo de meu pai" saberiam de uma "conta corrente" com a empresa -- "Italiano" seria o ex-ministro Antonio Palocci e "amigo de meu pai", Lula. O pai é Emilio Odebrecht, ex-presidente da empresa.

Os e-mails também mostram que Marcelo Odebrecht era atualizado sobre as obras no sítio por outros integrantes da empreiteira. Em um deles, na véspera da primeira visita de Lula à propriedade, Odebrecht é informado de que a reforma estava "99% concluída", e que o pessoal da construtora seria retirado do local no dia seguinte "sem falta". 

Gabriela Hardt elencou outros itens que, a seu ver, comprovariam que Lula foi o beneficiário das reformas e que tinha ciência de que os recursos usados nas obras eram ilícitos. Veja a seguir alguns deles:

Mensagens de Léo Pinheiro

O ex-presidente da OAS anexou ao processo não só mensagens que tratam de obras feitas pela empreiteira no sítio, mas também conversas que indicariam a existência de uma "conta geral" de propinas com o PT. 

Pinheiro também trocou mensagens com Paulo Gordilho, funcionário da OAS encarregado da obra da cozinha do sítio, sobre os trabalhos no local. As conversas foram descobertas em um celular apreendido com Gordilho.

E-mails para o Instituto Lula

Uma quebra de sigilo feita com autorização da Justiça mostrou, segundo a sentença, que o Instituto Lula recebeu vários e-mails relativos ao cotidiano do sítio -- apesar de o ex-presidente alegar que não usa e-mail ou computador.

Uma das mensagens, sobre a instalação de câmeras de segurança, "indica que quem usava duas casas do sítio eram o ex-presidente e seu filho Fábio", diz a juíza.

Objetos pessoais no sítio

Durante uma operação realizada em março de 2016, a Polícia Federal encontrou no sítio vários objetos de uso pessoal de Lula e sua família, indicando que eles eram os principais usuários da propriedade. Parte da mudança de Lula após deixar a Presidência, em 2010, foi levada para o local.

Notas fiscais 

A PF também encontrou, no apartamento de Lula em São Bernardo do Campo, "notas fiscais relativas a compra de outros objetos utilizados no sítio e em sua reforma", inclusive uma nota que foi emitida em nome de um engenheiro da Odebrecht. 

Veja imagens de sítio em Atibaia (SP) usado por Lula

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