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Em vídeo no hospital, Bolsonaro cobra PF por investigação sobre facada

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

10/02/2019 15h56

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou em suas redes sociais na tarde deste domingo (10) um vídeo em que aparece falando aos seguidores durante quase dois minutos, em seu primeiro pronunciamento gravado desde a cirurgia a que foi submetido há 13 dias. Na gravação, ele diz esperar da Polícia Federal que apresente "uma solução" para o caso da facada que levou em setembro do ano passado "nas próximas semanas".

Ele disse querer que a polícia indicasse, "obviamente com dados concretos", o ou os supostos responsáveis por determinar que Adélio Bispo de Oliveira praticasse o que ele chamou de "esse crime, essa tentativa de homicídio, esse ato terrorista". Bolsonaro lembrou ainda que Adélio foi filiado ao PSOL.

O autor da facada foi preso em flagrante em Juiz de Fora (MG), momentos após o atentado ocorrido durante um ato da campanha eleitoral de Bolsonaro ao Palácio do Planalto, no último dia 6 de setembro.

O que disse Adélio: confessou o crime em depoimento à PF. Segundo sua defesa, o ataque foi "fruto de uma mente atormentada e possivelmente desequilibrada", devido a um suposto problema mental

O que disse a PF: o primeiro inquérito aberto pela corporação concluiu que o esfaqueador agiu sozinho. O delegado do caso, Rodrigo Morais, configurou o ataque como inconformismo político, por discordar das posições do então presidenciável, e enquadrou Adélio na Lei de Segurança Nacional

Onde está Adélio: Ele está detido no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS) e já é réu pelo crime de lesão corporal grave

Outra investigação foi aberta ainda em setembro para apurar o pagamento de honorários ao advogado, Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que não revelou o nome da pessoa que o contratou para defender o agressor de Bolsonaro alegando ter o direito de manter sua identidade em sigilo.

No fim do mês passado, o MPF (Ministério Público Federal) prorrogou por mais 90 dias o prazo para a conclusão deste inquérito.

Em dezembro passado, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois imóveis relacionados ao advogado.

No vídeo, gravado do leito da unidade semi-intensiva do Hospital Albert Eintein, em São Paulo, onde ele está internado há duas semanas, o presidente falou ainda que sabe que "pouca gente pode ter um tratamento como esse.

"Mas também temos plena consciência que o nosso SUS pode melhorar, e muito. Tudo faremos para que isso se torne uma realidade", prometeu, agradecendo em seguida aos médicos do hospital e aos que o atenderam na Santa Casa de Juiz de Fora, logo após a facada.

Bolsonaro fez ainda agradecimentos públicos aos seus ministros e disse saber que precisa melhorar.

Leia a seguir o que disse Bolsonaro, na íntegra:

"Olá, amigos. Estou completando a segunda semana baixado no Hospital Albert Einstein, aqui em São Paulo. Sabemos que pouca gente pode ter um tratamento como esse, mas também temos plena consciência que o nosso SUS pode melhorar, e muito. Tudo faremos para que isso se torne uma realidade.

Meu muito obrigado então a esses profissionais. E também aos nossos profissionais de saúde lá da Santa Casa de Juiz de Fora, que me deram o primeiro atendimento no dia 6 de setembro do ano passado.

Também espero da nossa querida Polícia Federal, a polícia que nos orgulha a todos, que tenha uma solução para o nosso caso nas próximas semanas. Esse crime, essa tentativa de homicídio, esse ato terrorista praticado por um ex-integrante do PSOL não pode ficar impune. E nós queremos, sim, e gostaríamos que a PF indicasse, obviamente com dados concretos, quem foi ou quem foram os responsáveis por determinar que o Adélio praticasse aquele crime lá em Juiz de Fora em setembro passado.

No mais, quero agradecer aos ministros que, com muita competência, com muita iniciativa e com grande capacidade de se antecipar a problemas têm nos ajudado a conduzir o Brasil de forma bastante convincente. Sabemos que temos que melhorar e melhoraremos muito mais.

Meu muito obrigado a todos, em especial a você que está nos assistindo agora, pelo apoio, pela consideração e pelo carinho.

Um forte abraço a todos e fique com Deus."

(Com Agência Brasil)

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.