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Bebianno nega demissão e diz não entender postura de Carlos Bolsonaro

8.set.2018 - Gustavo Bebianno - Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
8.set.2018 - Gustavo Bebianno Imagem: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Luciana Quierati

Do UOL, em São Paulo

13/02/2019 23h41

Pivô de uma crise no governo federal no caso de candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, disse hoje que não pretende pedir demissão do cargo ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele afirmou também não entender a postura de o vereador Carlos (PSC-RJ) Bolsonaro ao divulgar o áudio de uma conversa entre seu pai e o ministro.

"Não tenho essa intenção porque não fiz nada de errado. Meu trabalho continua sendo em benefício do Brasil. O presidente, se entender que eu não deva mais continuar, ele certamente vai me comunicar", disse em entrevista do blog da jornalista Andréia Sadi, no G1.

"Mas até aqui minha relação com ele foi sempre a melhor possível, da minha parte tudo foi feito com honestidade, correção e vamos esperar para ver o que acontece", complementou.

Mais cedo, em entrevista ao Jornal da Record, Jair Bolsonaro admitiu a possibilidade de saída do ministro e disse que havia determinado à Polícia Federal que investigue o caso, dando carta branca ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

"Conforme o compromisso assumido com Sergio Moro logo depois da minha eleição, ele tem carta branca para apurar qualquer tipo de crime sobre corrupção e lavagem de dinheiro", disse o presidente, afirmando que Moro já havia tomado providências.

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Crise com Carlos Bolsonaro

Na terça-feira, Bebianno disse ao jornal O Globo que havia falado três vezes com o presidente. Nesta quarta, foi acusado nas redes sociais pelo vereador Carlos Bolsonaro de ter mentido sobre as conversas. Carlos ainda divulgou o áudio de uma breve conversa entre o presidente e o ministro, em que Bolsonaro diz a Bebianno não poder falar com ele.

Contrariando a negativa de Carlos, Bebianno insistiu na entrevista a Sadi que conversou com o presidente ao longo da terça-feira, embora nenhuma das vezes, segundo ele, tenha sido sobre a questão das candidaturas laranjas. 

"Em uma dessas conversas, o presidente solicitou que a viagem que seria feita ao norte do país fosse adiada por questões que serão conversadas ainda. Depois falamos de outro assunto institucional, nada demais, não falamos de PSL, não falamos", disse.

Sobre o vazamento do áudio por Carlos Bolsonaro, Bebianno disse não entender o comportamento do vereador. "Eu não entendo. Enquanto ministro de estado, eu vou manter a minha postura, a liturgia inerente à função, e não comento esse tipo de coisa", disse ele, que não soube explicar o motivo desta e de outras desavenças com o filho do presidente.

"Essa pergunta tem que ser feita a ele. Da minha parte, eu sempre selei a paz, a concórdia. O Brasil tem problemas sérios que precisam ser resolvidos. Eu acompanhei o presidente durante toda a pré-campanha e campanha por quase dois anos, e eu acho que é hora de trabalhar", afirmou Bebianno, que foi coordenador da campanha de Bolsonaro à Presidência.

Carlos Bolsonaro divulga áudio do pai com Gustavo Benianno

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Questionado pela jornalista se ele havia liberado R$ 400 mil para uma candidata em Pernambuco, Bebianno disse ser "humanamente impossível num país como o Brasil, de Brasília, eu saber se determinado candidato do Amazonas, do Rio Grande do Sul, tem condição de eleição ou não", e que quem monta as chapas são as executivas estaduais. "A montagem de chapa é uma responsabilidade de cada estado, cada diretório estadual. E assim foi feito pelo Brasil."

O ministro afirmou querer conversar com o presidente nesta quinta ou sexta-feira. Nenhuma reunião com ele, porém, aparece nos compromissos oficiais de Bolsonaro segundo agenda divulgada nesta noite.