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Em Itaipu, Bolsonaro exalta presidentes militares e ditador paraguaio

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

26/02/2019 12h49

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) exaltou hoje todos presidentes da ditadura militar brasileira (1964-1985) e o general Alfredo Stroessner, ditador que governou o Paraguai entre 1954 e 1989, durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral da usina Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR). A cerimônia contou com a presença do presidente do Paraguai, Marito Abdo.

"Queria relembrar aqueles que foram os responsáveis por essa obra [de Itaipu]. Isso tudo, as primeiras tratativas começaram ainda lá atrás no governo do Marechal Castello Branco, o homem que foi eleito presidente do Brasil no dia 11 de abril de 1964 ", disse Bolsonaro no início do seu discurso que durou cerca de cinco minutos. 

Castello Branco foi o primeiro presidente da ditadura militar brasileira, considerado um dos principais líderes do Golpe de 1964 e eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. "Tomou posse no dia 15 de março, tudo à luz da Constituição vigente naquele momento", afirmou Bolsonaro.

Na sequência, o presidente brasileiro afirmou que, pela grandiosidade da obra de Itaipu, tratativas avançaram "no nosso governo" e citou todos os presidentes militares: Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici. 'No governo seguinte do presidente Ernesto Geisel a obra saiu do papel, tomou corpo e Itaipu começou a tornar-se uma realidade".

E completou:

No governo seguinte, do general saudoso e querido João Baptista de Oliveira Figueiredo, inaugurou-se a terceira turbina

Jair Bolsonaro

Bolsonaro e Marito - Norberto Duarte/AFP - Norberto Duarte/AFP
Bolsonaro conversa com o presidente do Paraguai, Marito Abdo, durante transmissão de cargo da Itaipu Binacional
Imagem: Norberto Duarte/AFP
Construída durante os governos militares dos dois países, a usina hidrelétrica de Itaipu será comandada pelo general brasileiro Joaquim Silva e Luna.

Os primeiros acordos de cooperação entre os dois países tiveram início ainda na década de 1960, mas a formalização da sociedade binacional aconteceu em 1973, com a assinatura do tratado que estabeleceu as regras de financiamento para a obra, operação e divisão da energia que seria produzida. 

Dirigindo-se a Marito Abdo, Bolsonaro afirmou que a construção de Itaipu não teria sido possível sem a atuação de Stroessner, a quem chamou de "homem de visão e estadista, que sabia perfeitamente que seu país Paraguai só poderia prosseguir, progredir, se tivesse energia".

"Então aqui, a minha homenagem ao general Alfredo Stroessner", disse.

O primeiro giro mecânico das turbinas de Itaipu aconteceu em 1983, mas a usina entrou em operação apenas no ano seguinte, sendo inaugurada pelos presidentes militares Figueiredo e Stroessner. As duas últimas turbinas da hidrelétrica só foram inauguradas 33 anos depois da sua construção pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.