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Moro revoga nomeação de ativista antiarmas e alega "repercussão negativa"

Ilona Szabó, fundadora do Instituto Igarapé - Ricardo Borges/Folhapress
Ilona Szabó, fundadora do Instituto Igarapé Imagem: Ricardo Borges/Folhapress

Marcela Leite

Do UOL, em São Paulo

28/02/2019 18h46Atualizada em 28/02/2019 21h43

Um dia após nomear Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o ministro Sergio Moro, da Justiça e da Segurança Pública, voltou atrás e revogou a nomeação (leia abaixo a íntegra do comunicado do Ministério).

Apesar de Sazbó, que é reconhecida, entre outros pontos, por sua postura crítica à posse de armas, ter sido indicada como membro suplente da comissão, a indicação gerou revolta entre os apoiadores do governo Bolsonaro. No Twitter, grupos de direita usaram ontem e hoje a hashtag #IlonaNao para criticar a escolha de Moro.

Em nota, o Ministério informou que a decisão se deu "diante da repercussão negativa em alguns segmentos". O Ministério pediu "escusas" (desculpas) a Ilona e afirmou tê-la nomeado "pelos relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé".

Fundadora do Igarapé, Ilona é colunista da Folha e conhecida por defender o controle de armas. Ela se dedica a estudar políticas de combate à criminalidade. Em janeiro, em sua coluna, Ilona escreveu que "expandir o acesso e a disponibilidade de armas de fogo no país mais homicida do mundo e relaxar ainda mais os fracos controles existentes equivale a jogar mais lenha na fogueira".

Uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro foi apresentar um decreto de flexibilização da posse de armas.

O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária é ligado diretamente ao Departamento Penitenciário Nacional, integrado por treze membros designados pelo Ministério da Justiça. O mandato dos membros do Conselho tem a duração de dois anos.

Membros do Conselho, criado em 1980, se reúnem a cada quatro anos para elaborar o Plano Nacional de Política Criminal, a partir de periódicas avaliações do sistema criminal, criminológico e penitenciário.

Szabó lamenta "ação extremada"

Em nota, Ilona Szabó agradeceu o convite de Moro e lamentou a revogação de sua indicação "devido à ação extremada de grupos minoritários".

O país precisa superar a intolerância para atingir nossos objetivos comuns na construção de um país mais justo e seguro
Ilona Szabó

Ela disse ainda que o Igarapé continuará aberto a "contribuir com interlocutores comprometidos com políticas públicas baseadas em evidências. O Brasil, mais que nunca, precisa do diálogo democrático, respeitoso e plural".

Leia abaixo a íntegra da nota do Ministério da Justiça e da Segurança Pública:

O Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeou Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, como um dos vinte e seis componentes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão consultivo do Ministério. A escolha foi motivada pelos relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé. Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas.