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Grupo de procuradores chama de "destemperada" crítica de Gilmar à Lava Jato

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/03/2019 19h32

O GNCOC (Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas) divulgou uma nota hoje declarando "enfaticamente a máxima repulsa em virtude das destemperadas declarações" dadas ontem pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes contra integrantes da operação Lava Jato. O ministro afirmou que procuradores tentam "constranger" o STF e, indiretamente, os chamou de "cretinos".

Segundo a nota, os membros do MP receberam as declarações "como reflexo de um comportamento irascível [adjetivo para designar quem se irrita com facilidade]."

Nenhuma adjetivação será suficientemente satisfatória para desagravar essa atitude descabida, de quem deveria guardar o máximo respeito ao decoro e à dignidade da magistratura e da Justiça
GNCOC, sobre GIlmar Mendes

O GNCOC é uma instituição que reúne promotores e procuradores dos Ministérios Públicos de todo o país componentes de grupos de combate ao crime organizado.

"Apresentamos, neste momento, aos Procuradores da República tão injustamente aviltados, nossa mais extrema solidariedade, confiança e reconhecimento pelo importante mister desempenhado em favor da honestidade, probidade e do Estado Democrático de Direito", completa o texto assinado pelo presidente do grupo, o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto.

A nota ainda afirma que os MPs têm vocação institucional "no combate às Organizações Criminosas, que será fielmente cumprido, apesar dos dissabores da caminhada."

"Reiteremos a convicção de que, na caravana da Democracia e da Justiça, que segue firme o seu rumo, o Ministério Público ombreará sempre com a sociedade. Respeitar o Ministério Público é prestigiar a Democracia", conclui.

Ataques de Gilmar

O ministro Gilmar Mendes discursou ontem no plenário, durante julgamento que decidiu que a Justiça Eleitoral pode julgar casos eleitorais ligados a corrupção, e disse que os procuradores querem "constranger" o STF. A decisão do STF, tomada por 6 votos a 5, foi vista pela Força Tarefa da Lava Jato como um enfraquecimento da operação.

"O que se trava aqui, a rigor, a par de um debate sobre competência [atribuição legal], é uma disputa de poder, e se quer ganhar a fórceps, constranger, amedrontar as pessoas", disse Gilmar.

Votaram como Gilmar os ministros Marco Aurélio Mello (relator da ação), Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Dias Toffoli. Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia votaram para que casos eleitorais ligados a corrupção sejam analisados pela Justiça Federal, mas foram vencidos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
A reportagem não havia mencionado o voto do ministro Luiz Fux. Ele votou para que casos eleitorais ligados a corrupção sejam analisados pela Justiça Federal. A informação foi incluída.