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"Assunto encerrado", diz Maia sobre bate-boca com Bolsonaro

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

28/03/2019 14h41Atualizada em 28/03/2019 19h05

Horas depois de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sinalizar o arrefecimento da crise com o Legislativo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também adotou tom conciliatório e disse que o "assunto" entre os dois está encerrado.

"Esse assunto que vocês estão perguntando está encerrado. Nós estamos cuidando da Previdência", disse Maia durante entrevista a jornalistas. A pergunta sobre a crise tinha sido dirigida ao ministro da Economia, Paulo Guedes, mas Maia pediu que o ministro o deixasse "esclarecer". Ambos participaram de um almoço com líderes da Casa.

Mais cedo, Bolsonaro tinha considerado que a crise sobre articulação era uma "chuva de verão" e mandou um abraço para o parlamentar. "Para mim, isso foi uma chuva de verão. O sol está lindo e o Brasil está acima de nós. [...] Da minha parte não tem problema nenhum. Vamos em frente. [...] Página virada. Um abraço para o Rodrigo Maia", disse Bolsonaro.

A declaração do presidente da Câmara aconteceu uma semana após o acirramento das declarações entre os dois. Por declarações à imprensa e via redes sociais, ambos tentaram passar a responsabilidade sobre a articulação da reforma da Previdência.

"Esse tema [a reforma da Previdência] é um tema difícil, mas é decisivo para o futuro do Brasil. É preciso deixar claro que nosso foco vai ser sempre aprovar as reformas do Brasil", disse Maia.

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O almoço também definiu a ida de Guedes à Câmara para defender a reforma da Previdência na próxima quarta-feira (3).

Sob orientação de aliados de Maia, o ministro evitou comparecer à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na terça-feira, pois havia possibilidade de ser bombardeado pela oposição e parlamentares descontentes com a falta de articulação do governo. A proposta --que inicia a tramitação por esse colegiado-- ainda não tem relator definido.

Ontem, em uma comissão do Senado, Guedes chegou a dizer que deixaria o governo se a reforma não for aprovada e se for reconhecida uma dívida de R$ 800 bilhões da União com os estados. Apesar disso, ele declarou que não deixará o governo "na primeira derrota".

"Acredito muito que os principais poderes sabem que essas coisas que dão muita notícia, dá barulho e ruído, sabem da importância do desempenho de cada um. Do seu papel institucional. O presidente Bolsonaro desenhou, assinou e foi lá comigo entregar a reforma. Ele sabe do compromisso", disse Guedes hoje.

Desde o início das trocas de farpas, o dólar chegou a R$ 4 e a Bolsa de Valores registrou os maiores índices de queda desde outubro do ano passado, quando o ambiente das eleições provocava incertezas no mercado.

"Não interessa ficar aqui na disputa de quem começou e quem errou. Tenho certeza que na próxima semana, com a presença do ministro na Comissão de Constituição e Justiça, nós retomamos com força o debate da reforma da Previdência", disse Maia.

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O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.