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Deputada cobra que Damares defenda educação sexual nas escolas

Stella Borges

Do UOL, em São Paulo

11/04/2019 15h10

Em sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados na noite de ontem, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) cobrou que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, defenda a educação sexual nas escolas.

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, Damares disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai ensinar meninos a "levar flores" e a "abrir porta do carro" para mulheres. Sâmia afirmou que a fala da ministra reforça padrões de masculinidade e não combate a violência contra a mulher.

"Um dos principais elementos que fazem as mulheres vítimas de violência doméstica se chocarem com a situação é que aquele que era o príncipe encantado, que abria a porta do carro, dava flores, chocolates e lhe chamava de linda, de um dia para outro se transforma num grande monstro", falou a deputada.

"Reforçar esses padrões de masculinidade e cordialidade não combatem a violência contra a mulher. Na verdade, eles reforçam, porque fazem com que os homens acreditem que eles não precisam respeitar as mulheres, basta lhe entregar flores. Porque a mesma mão que entrega uma flor é a mão que enforca uma mulher, que a abusa e a espanca", acrescentou.

Em sua fala, Sâmia também se solidarizou com a ministra, vítima de abuso sexual na infância, e a parabenizou por ter tido a coragem de relatar a violência que sofreu. Para a deputada, a realidade poderia ter sido diferente se houvesse educação sexual na escola.

"Em janeiro deste ano, inclusive, teve um caso que ficou muito famoso a nível nacional de uma menina que conseguiu através da aula de educação sexual descobrir que era vítima de abuso dentro de sua residência. Nessa aula, aquela professora salvou mais uma criança. Gostaria que a senhora refletisse sobre isso e que utilizasse o exemplo dessa menina para defender educação sexual nas escolas", afirmou.

Em resposta, a ministra elogiou Sâmia e disse que o governo não é contra a educação sexual nas escolas, mas defendeu rever a forma como o assunto é ensinado para as crianças.

"Se eu tivesse ouvido na escola que aquilo que estava acontecendo comigo era um abuso, eu tinha gritado. Eu não fui orientada. A educação sexual (serve) inclusive para empoderar as crianças para se defenderem. Nós estamos defendendo a educação sexual feita de maneira adequada, obedecendo as especificidades da idade", concluiu a ministra.

Eleita com quase 250 mil votos, Sâmia Bomfim, 29, não é a primeira deputada a "enquadrar" um dos ministros do governo Bolsonaro. No fim de março, durante reunião da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Tabata Amaral (PDT-SP) questionou o despreparo do então ministro Ricardo Vélez Rodriguez e a falta de um projeto concreto para a educação. A fala da jovem deputada viralizou nas redes sociais e, nesta semana, Vélez acabou demitido pelo presidente.